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Tráfico remoto: lideranças do PCC e CV viram alvos da polícia fora da Bahia

Dona Maria, Paulo TG, Juca e Djavan foram presos em quatro estados diferentes

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 06:22

Dona Maria, Paulo TG, Edcity e Juca foram alcançados fora da Bahia Crédito: Reprodução

Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Quatro estados que, apesar de estarem situados em três regiões diferentes, viraram palco de ações da Polícia Federal (PF) da Bahia. O motivo das operações é o mesmo: cada estado servia de refúgio para o tráfico remoto de lideranças criminosas com participação direta na guerra armada e em dezenas de homicídios registrados em Jequié.

A cidade do sudoeste baiano chegou a ser a mais violenta do Brasil no ano de 2022 após uma ‘dança das cadeiras’ entre as fações do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV). Os principais responsáveis pela situação, no entanto, agiam a milhares de quilômetros do município, ordenando crimes violentos e ataque a grupo rivais por celulares descartáveis.

Um exemplo desse modus operandi em Jequié é Jasiane Silva Teixeira, 36 anos, que é mais conhecida como Dona Maria, liderança de um grupo criminoso associado ao PCC. A traficante foi presa em São Paulo no final do mês passado. Apesar de ter um núcleo de ação em Vitória da Conquista, Dona Maria teria parte no tráfico em Jequié pelo PCC.

É o que explica o delegado federal Eduardo Badaró, que é coordenador das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco) da Bahia, que busca criminosos também fora do estado. “Ela tem ligação direta e é uma das líderes que estava determinando ataques em Jequié. A gente prendeu ela com 60 mil reais em espécie e 11 celulares”, detalha Badaró.

Presa no Rio de Janeiro,
Presa em São Paulo, Dona Maria tem ligação com o PCC Crédito: Alberto Maraux/SSP-BA

O delegado aponta ainda que o home-office do crime já é conhecido, como apontou reportagem do CORREIO. “O principal motivo disso, primeiro, é fugir das ações policiais e judiciais que buscam a sua responsabilização e também fugir dos rivais. Eles vão para outros estados onde não são conhecidos, continuam comandando de forma violenta as sua localidades, mas fogem e levam a família para fora dessa área de conflito”, explica.

Na medida em que se afastam, as lideranças se protegem, mas até acirram os episódios violentos para reforçar o seu poder, mesmo à distância. Esse era o caso de Dona Maria, como explica uma fonte policial que terá identidade preservada. A traficante conseguiu áreas de Jequié a partir do enfraquecimento de uma parte do PCC, que vendeu bocas de fumo na cidade para ela.

“Houve, a partir de 2016, uma pressão tanto no PCC, na figura de Paulo TG, e no CV, na figura do Real. Os dois estavam presos e a cada ordem de morte na cidade sofriam pressão lá dentro do presídio. Paulo TG tinha uma visão empresarial do tráfico e com a pressão, começou a vender bocas de fumo para Dona Maria, que passou a ter participação em Jequié”, conta o policial.

Paulo TG negociou bocas de fumo com Dona Maria Crédito: Reprodução

Paulo TG, líder do PCC citado pela fonte, chegou a escapar das autoridades e é mais uma peça do tráfico remoto que compõe ações da PF fora do estado. Isso porque, três dias antes de Dona Maria, o traficante foi preso na zona rural de Extrema, município localizado em Minas Gerais. Com ele, foram aprendidos diversos celulares e anotações do tráfico em Jequié, Itiruçu, Boa Nova, Valentina, Manoel Vitorino e Iaçu.

O fim do tráfico remoto também chegou para lideranças do CV. A mais recente é a de Djavan Santos Conceição, o Edcity, que foi preso em um condomínio de luxo em Cuiabá, no Mato Grosso, em novembro do ano passado. O criminoso era responsável pela chegada de armas de internacionais em território baiano. Na casa onde Edcity estava, móveis de última geração e carros estimados em R$ 350 mil foram encontrados.

Edcity foi localizado em Cuiabá Crédito: Reprodução

A prisão de Edcity teve contornos semelhante a ação que prendeu Sandro Santos Queiroz, mais conhecido com Real. Líder do CV em Jequié e rival do PCC, Real foi preso em dezembro de 2022 em um condomínio de luxo também em Cuiabá. Assim como Dona Maria e Paulo TG, Real tinha palavra final em ataques e homicídios realizados em Jequié.

Ao falar do trabalho da polícia fora da Bahia, Eduardo Badaró destaca que o sistema de combate do crime organizado é global. “A gente deve atacar e responsabilizar tanto a liderança criminosa, que é o indivíduo com capacidade movimentação de outros criminosos e capacidade negociação de droga e de arma fora do estado. […] Outro viés que a gente deve analisar são os gerentes de operação, os que recebem as ordens da liderança e praticam esses crimes aqui dentro”, aponta ele.

Badaró destaca que a Ficco já realizou prisões de lideranças criminosas com ação na Bahia em 15 estados do país e que, no estado, há uma intensificação do combate às facções dentro e fora das fronteiras do estado. Jequié, pela escalada recente dos crimes, é um dos maiores focos de ação. Até por isso, na quinta-feira (6), mais um membro do PCC foi alcançado em Santa Catarina.