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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 13 de maio de 2024 às 13:00
Ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil) disse que a chance da eleição deste ano ser nacionalizada é “zero”. Ele afirmou ainda que o seu aliado, o prefeito soteropolitano Bruno Reis (União Brasil), merece ser reeleito no primeiro turno.
Focado nas eleições municipais, ACM Neto tem atuado mais nos bastidores políticos nos últimos meses. Na primeira entrevista que concede a um veículo de comunicação neste ano, o vice-presidente eleito do União Brasil falou ao CORREIO sobre a escolha do vice que integrará a chapa de Bruno Reis.
Ainda na entrevista, ACM Neto fala dos seus projetos futuros e dos desafios do União Brasil. Essa é a terceira e última parte da entrevista concedida ao CORREIO.
Existe alguma possibilidade da eleição em Salvador ser nacionalizada?
Zero. Se aqui essa lógica prevalecesse, o PT estava ganhando as eleições em Salvador desde 2004. Perderam em 2004 com (Nelson) Pelegrino, em 2008 com Walter Pinheiro, perderam em 2012 com Pelegrino, em 2016, não tiveram coragem de ter candidato, em 2020 perderam com Major Denice e agora, de novo, não tiveram coragem de ter candidato. Então, essa lógica não existe. Nós aqui desmontamos isso. Na eleição de governador, ela (a questão nacional) tem uma influência necessária da eleição presidencial, porque é conjunta. Acontece no mesmo dia, porque a legislação brasileira permite que presidente, governador use o mesmo número do presidente. Mas a eleição para prefeito, esqueça, é outra história. O que está em debate são os problemas da cidade. A população está focada no seu futuro, o que vai acontecer na sua vida. Como Bruno Reis é o prefeito, o elemento central da decisão de 6 de outubro, por parte da prefeitura, se Bruno merece ou não mais quatro anos para continuar governando Salvador. Se o que ele fez do dia 1º de janeiro de 2021 até aqui, o credencia para continuar prefeito da cidade. E, na minha opinião, pelo que vejo nas ruas e observo nas pesquisas, Bruno vai caminhar para ter uma reeleição.
Acredita na vitória de Bruno Reis no primeiro turno?
É pretensioso dizer que nós vamos ganhar no primeiro turno. Acho que nunca é bom no começo de campanha, ainda em pré-campanha, ter esse tipo de afirmação. Mas o trabalho de Bruno é tão forte que ele merece ser reeleito no primeiro turno. Nós vamos trabalhar para que ele seja reeleito no primeiro turno. Se será ou não, depende da vontade do povo de Salvador, mas ele merece e nós vamos trabalhar.
A principal crítica que a gestão de Bruno Reis tem sofrido é em relação às áreas verdes da cidade. Os adversários, principalmente, o pré-candidato do MDB e vice-governador Geraldo Júnior diz que há uma diminuição. Como vê essa crítica?
Quais (áreas)? Quem tem autoridade para falar sobre isso? O candidato que vai disputar a eleição contra Bruno? Aí eu vou me acabar de rir. Vou chorar de dar risada. É a coisa mais ridícula do mundo. Foi presidente da Câmara, foi vereador, nós sabemos o histórico todo dele (Geraldo Júnior). Estou louco que ele venha para esse tipo de debate. Quem vai disputar a eleição contra ele (Bruno Reis) não tem nenhuma autoridade para falar sobre esse tema. Pode até querer falar sobre outros (temas), mas sobre esse tema zero.
Por quê?
A cidade sabe de que lado ele (Geraldo Júnior) sempre esteve, a cidade sabe o que ele sempre pregou. Tem aí discurso, tem projetos de lei, decisão como presidente, como vereador. E depois não é verdade que estão dizendo. Eu vou pegar o exemplo do projeto do BRT. Eu enfrentei uma polêmica no começo do projeto, porque diziam que eu ia acabar com o corredor verde da cidade na (Avenida) Juracy Magalhães, que a gente ia acabar com as árvores centenárias. Nós tivemos todo cuidado de fazer o transplante de algumas árvores e depois de garantir que houvesse uma compensação ambiental com o plantio. E hoje está lá o BRT, não agride ninguém, não ofende ninguém, uma solução importante de transporte de mobilidade. E ficou bonito. Hoje, Salvador tem um posicionamento na agenda ambiental. Salvador hoje tem um plano municipal de resiliência, um plano municipal de enfrentamento às mudanças climáticas. Estamos na vanguarda da pauta ambiental de sustentabilidade, de resiliência. Dando, inclusive, exemplo para outros lugares. Então, esse discurso (sobre as áreas verdes), honestamente, estamos muito preparado e tranquilo para enfrentar.
E quem será o vice de Bruno Reis?
A gente está na fase final de discussão sobre esse tema. É bem provável que ainda no mês de maio a gente possa apresentar a chapa completa. Eu acho que existe uma lógica que é fruto do desejo da população, que é a lógica da continuidade, do desejo do soteropolitano de que o time que está ganhando continue jogando para continuar ganhando. Então, nós temos hoje Ana Paula, que é atual vice-prefeita, que faz um belo trabalho, que é um exemplo de gestora pública e, que por ser vice e poder disputar a eleição, ela tem naturalmente o direito de pleitear se manter nessa posição. Isso, é claro, não afasta também o direito de outros partidos e outros quadros políticos, aí eu faço um destaque muito especial a figura, por exemplo, do deputado Léo Prates, que vem conosco desde o início, que é o deputado mais votado da cidade, que fez um belo trabalho ao longo de todo esse tempo. Nós estamos nessa fase final de conversas, de articulações, eu acho que agora, ainda no mês de maio, o assunto fica devidamente concluído. Agora, a gente não pode desconsiderar a naturalidade desse processo. Tem que ser um processo que seja natural, porque não adianta, às vezes, a gente fala da vontade de partidos, fala da vontade disso, daquilo, e o que é que o povo quer? Eu sinto hoje que o que a população mais quer é a continuidade do que vem dando certo.
ACM Neto
Ex-prefeito de SalvadorSe Bruno Reis for reeleito, ele deve concluir o mandato até 2028?
A prioridade dele será concluir o mandato, não há dúvida. Não acho que essa é uma questão, esse não é um tema. Mas eu acho que o horizonte de Bruno é cumprir os quatro anos de mandato até 2028.
O que espera dos cursos promovidos pela Fundação Índigo, que é comandada pelo senhor?
O nosso objetivo é contribuir para melhorar a qualidade dos políticos e das políticas do país. Dos políticos como agentes de transformação da sociedade em cada plano: municipal, estadual e federal. Mas também da qualidade das políticas públicas, das prioridades desse Brasil, dos rumos dos governos em geral. Então, a gente quer ajudar a mexer com a sociedade, mesmo sabendo que a gente está ali, somos pequenos. E é por isso que a gente olha em qualificar os candidatos, que vão disputar as eleições, qualificar os gestores públicos, que já ocupam mandatos, cargos e funções, e preparar o jovem. Se você me perguntar, o que faz principalmente seu olho brilhar? É a gente colaborar na formação de jovens líderes. Muitos jovens, que não têm oportunidade, que não estão ligados a um partido, que não gostam de política, que não conhecem ACM Neto, Ronaldo Caiado ou Bruno Reis ou quem quer que seja, e que vai ter ali uma porta de entrada pela fundação. Meu objetivo é que a Fundação Índigo daqui a quatro anos seja a instituição, vinculada a um partido, de maior formação de quadros para a gestão pública e para a vida política do Brasil.
*Colaborou a repórter Millena Marques