“Tirou a vida dele e um pedaço do meu coração”, diz irmão do taxista assassinado no Itaigara

Regivaldo foi enterrado na tarde desta quarta-feira (12)

  • Foto do(a) author(a) Raquel Brito
  • Raquel Brito

Publicado em 12 de junho de 2024 às 18:23

Enterro aconteceu no Cemitério Municipal de Brotas
Enterro aconteceu no Cemitério Municipal de Brotas Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Bom irmão, bom vizinho e trabalhador. Assim é descrito Regivaldo dos Santos Santana por quem convivia com ele. O taxista de 51 anos foi morto a facadas por um colega na terça-feira (11). Na tarde desta quarta-feira (12), em meio à comoção e revolta, familiares e amigos se reuniram no Cemitério Municipal de Brotas para dar o último adeus à Regivaldo.

Sob aplausos, o corpo do taxista foi sepultado às 15h20, na capela principal do cemitério. Desolada, a esposa de Regivaldo, Cláudia Matos, de 44 anos, pediu por justiça.

“Eu quero ver João atrás das grades. Ele deixou uma família dilacerada por causa de uma vaga, [algo] que poderia ser resolvido, pegou meu esposo na covardia. Vocês que estão me ouvindo, isso é um pedido de socorro. Queremos a justiça de Deus, para ter pelo menos um pouco de tranquilidade no coração”, suplicou.

Cláudia e Regivaldo estavam juntos havia mais de 20 anos e têm uma filha de 13 anos de idade. Além da caçula, o taxista deixa outros três filhos, de outros relacionamentos. A esposa de um deles está grávida de dois meses, do quinto neto de Regivaldo. Ele não soube que seria avô novamente, de acordo com um dos filhos.

A indignação dos amigos era visível. Para Israel Batista, que trabalhou com ele como garçom antes de Regivaldo começar a trabalhar como taxista, a situação é deplorável. “Nem no trabalho a gente tem paz. Ele procurou melhorar a vida, tirou carteira, buscou a independência. E o cara tira a vida dele assim”, lamentou.

O velório foi marcado pela presença dos companheiros de profissão de Regivaldo, tanto os que trabalham na mesma região que ele atuava, no Itaigara, como em outros pontos da cidade.

Regivaldo morava no bairro de Sussuarana, vizinho de seus dois irmãos, Agnaldo e Renildo Santana. Agnaldo conta que, todos os dias, passava por Regivaldo de manhã cedo, no momento em que saía para trabalhar. Segundo ele, o irmão estava sempre alegre e ficava dentro do carro por um tempo antes de ir trabalhar, orando.

Assim como Regivaldo, Renildo também é taxista. Foi ele quem apresentou a profissão ao irmão, há 20 anos. Emocionado, ele contou que trouxe Regivaldo de São Paulo, arcou com o valor da habilitação e, depois, conseguiu um carro emprestado para que ele pudesse trabalhar. Hoje, apesar de já ter conquistado seu próprio veículo, ele ainda estava pagando as parcelas, de acordo com o irmão.

“Hoje, meu irmão não vai poder mais mandar um 'bom dia, Deus abençoe a todos', como geralmente fazia. Não vai ter mais essa voz, porque esse homem tirou a vida do meu irmão e tirou um pedaço do meu coração. Não só meu, como dos filhos. Eu tenho certeza que [o suspeito] está arrependido, mas agora é tarde. Ele agora vai morar no presídio”, disse.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro