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Donaldson Gomes
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 17:14
Em meio a uma série de notícias sobre um possível processo de venda da Refinaria de Mataripe para a Petrobras, a Acelen abriu o equipamento para uma visita de representantes da imprensa baiana nesta quarta-feira (dia 13). Numa apresentação detalhada, representantes da empresa apresentaram uma série de melhorias realizadas nos últimos dois anos, em um investimento que ultrapassa os R$ 2 bilhões.
Na última segunda-feira (dia 11), Leonardo Yamamoto, diretor executivo do Mubadala – que é proprietário da Acelen – afirmou que a venda estaria condicionada a uma “boa oferta”, de acordo com a coluna Pipeline, do jornal Valor Econômico. Segundo Yamamoto, não é intenção vender o equipamento, que foi adquirido em 2021 por R$ 1,8 bilhão. “Vejo valor em ter a Petrobras como sócio”, disse Yamamoto.
Em três anos, a capacidade total de produção da unidade passou de 289 mil barris por dia para 302 mil barris por dia (+4%). Além disso, Mataripe lançou cinco novos produtos – propano especial, butano especial, diesel marítimo, solvente e OCB1 –, ampliando o portfólio da empresa para mais de 30 produtos e registrando mais de 83 recordes de produção.
De 2021 até agora, a empresa aumentou em 33% a produção de diesel, 181% em querosene de aviação e 198% em parafinas, chegando à liderança na produção e comercialização na América Latina. Hoje, a Refmat é o segundo maior fornecedor de bunker (combustível marítimo) do Brasil, destinando combustível para a Bahia e outras regiões brasileiras, através de parceiros na Baía de Todos-os-Santos, no Porto de Itaqui (MA) e na Baía de Sepetiba (RJ).
"Este é um ativo muito importante para a Bahia, que responde por algo entre 17% e 20% do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) e cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto)", destacou Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da Acelen. Ele evitou falar sobre as negociações para a venda de Mataripe para a Petrobras, disse apenas que o ativo "já cumpriu e cumpre o papel para o qual foi adquirido".
Lyra explicou que a Refinaria de Mataripe foi importante para ajudar a Acelen em seu projeto de transição energética. "A Acelen colocou o pé no alto carbono para entrar no mercado e planejar a sua atuação na transição energética", disse. "Só depois desta consolidação é que surge o nosso negócio de combustível renovável", explicou.
Sem citar Petrobras, ou qualquer outra possível compradora da refinaria, Marcelo Lyra ponderou que o importante para a Bahia é que a estrutura permaneça em condições de funcionar como ela se encontra atualmente. "É bom para a Bahia e para o Brasil que esta refinaria permaneça operando nas condições atuais, sem nenhum tipo de restrição técnica e sem oferecer riscos operacionais", ponderou.
"Do ponto de vista estratégico, Mataripe já cumpriu o seu papel, que era o de ser o berço do nosso projeto de transição energética. Independente do que acontecer, ou não, era esta a função", afirmou ao grupo de jornalistas durante a visita ao espaço.
Destaques operacionais
Quando a Acelen assumiu a antiga Refinaria Landulpho Alves em 2021, o equipamento, até então gerido pela Petrobras, tinha uma capacidade instalada suficiente para produzir 289 mil barris de petróleo por dia, mas processava, de fato, apenas 205 mil barris/dia, segundo João Farah, diretor industrial da unidade. Atualmente, Mataripe processa 260 mil barris/dia, com uma capacidade total de 302 mil barris/dia.
"Quando a gente recebeu a estrutura era até possível alcançar a capacidade nominal de produção, mas era um cenário que não se sustentava por muito tempo", lembra. Segundo ele, o que define o nível de produção atualmente são as condições do mercado. "Não tem mais a insegurança em relação à capacidade de produção", garante.
Entre os principais destaques que a empresa apresentou estão os números relacionados à segurança operacional. Neste sentido, a Taxa de Acidentes Reportáveis (TAR) caiu de 0,71 para 0,23, tornando-se um resultado de referência, segundo Farah. A TAR é medida calculando a quantidade de acidentes pela soma das horas trabalhadas numa empresa.
Numa série de imagens de antes e depois, a equipe da Acelen mostrou como estavam algumas das seis caldeiras que foram recuperadas nos últimos anos. “Tinha caldeira operando com um furo. Uma outra nós tivemos que parar por falta de confiabilidade”, lembra. Após as melhorias, a capacidade de geração de vapor em Mataripe praticamente dobrou.
Segundo ele, os cuidados passaram tanto pelos grandes equipamentos, quanto pelos menores. Um exemplo disso foi o investimento na recuperação do isolamento térmico em tubulações. Antes das intervenções, algumas delas chegavam a registrar 229° celsius, um desperdício de energia e um risco.
No terminal marítimo que atende a refinaria, o Temadre, houve um investimento de R$ 70 milhões na dragagem, para aprofundar a área de atracação dos navios, o que não acontecia há mais de 20 anos.