Técnico preso por injúria racial é afastado do cargo, afirma presidente

Caso aconteceu após jogo entre Bahia e JC Futebol Clube, do Amazonas

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Publicado em 10 de julho de 2024 às 20:31

Técnico Hugo Duarte chegou de cabeça coberta para audiência de custódia
Técnico Hugo Duarte chegou de cabeça coberta para audiência de custódia Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O técnico português Hugo Miguel Duarte Macedo, 44 anos, foi afastado do comando da equipe feminina do JC Futebol Clube, do Amazonas após ser preso em flagrante por injúria racial na última segunda-feira (8). O caso aconteceu após o confronto entre a equipe amazonense e o Bahia pela série A2 do Brasileirão Feminino. Ele foi liberado após audiência de custódia na manhã desta quarta (10).

De acordo com presidente do JC, João Carlos Dias Campos, o departamento jurídico está analisando as imagens para definir os passos a serem tomados pelo clube. A expectativa é que um novo posicionamento seja divulgado pela equipe na próxima quinta (11).

“Esse é um caso que nós estamos tratando com bastante seriedade. Temos atletas negras e indígenas no nosso elenco e não admitimos esse tipo de conduta. As nossas jogadoras dizem que ele não falou com ela, então estamos tomando cuidado com essa apuração. Caso fique provado que ele que ele cometeu o crime, ele será desligado do nosso clube”, disse.

Hugo Miguel Duarte Macedo, 44 anos, teve a liberdade provisória concedida pela Justiça nesta quarta-feira (10), após audiência de custódia. A decisão determina que o técnico do JC Futebol Clube deve seguir algumas medidas cautelares, incluindo não se aproximar da vítima, a zagueira Suelen, mantendo distância mínima de 200 metros, e nem tentar entrar em contato com ela ou familiares dela. O técnico deve pagar cerca de R$ 42 mil de fiança.

A Justiça diz ainda que ele deve comparecer a todos os atos processuais; manter endereço atualizado; comparecer bimestralmente em juízo pelo período de 1 ano, podendo cumprir essa medida em Manaus, onde mora; pagamento de fiança de 30 salários mínimos (aproximadamente R$ 42 mil); proibição de se ausentar da comarca de residência, sem permissão prévia ou ausentar-se por mais de oito dias de sua residência sem autorização; e a já mencionada determinação para não se aproximar ou entrar em contato com a atleta do Bahia.

A zagueira do Bahia, Suelen Santos, se pronunciou nas redes sociais sobre o caso e reafirmou que foi vítima do treinador. "Ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude. A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista", escreveu, em nota.

Times comentam episódio

Em nota, o JC Futebol Clube disse que 'repudia qualquer ato de racismo' e que o jurídico averigua se as informações para realizar os procedimentos para que 'não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos'.

O Bahia também se pronunciou através de nota e disse que a 'comemoração pelo acesso das Mulheres de Aço à elite do futebol brasileiro acabou manchada por episódio lamentável no estádio de Pituaçu'.

"O diretor de Operações e Relações Institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha", diz a nota.

O caso aconteceu após o fim da partida que garantiu o acesso do tricolor a primeira divisão do Brasileirão Feminino. O treinador foi autuado em flagrante por injúria racial e encaminhado para o Central de Flagrantes, no Complexo dos Barris. Ele passará por audiência de custódia nesta quarta-feira (10).