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Técnico preso por injúria racial contra jogadora do Bahia deve ser liberado em audiência de custódia

Hugo Duarte teria chamado Suelen, do Bahia, de 'macaca'

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 10 de julho de 2024 às 10:10

Técnico Hugo Duarte chegou de cabeça coberta para audiência de custódia
Técnico Hugo Duarte chegou de cabeça coberta para audiência de custódia Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A audiência de custódia que analisa a prisão em flagrante do técnico Hugo Miguel Duarte Macedo, 44 anos, preso em flagrante por injúria racial contra uma jogadora do Bahia, acontece nesta quarta-feira (10). A tendência é de que o treinador português seja liberado, segundo o advogado Felipe Santiago, que representa o técnico.

Nota da Redação: Inicialmente, o advogado Felipe Santiago, que representa o técnico, havia informado que a Justiça havia decidido pela liberação de Hugo Duarte. Posteriormente, ele explicou que ainda não há uma decisão formal, que o caso ainda está sendo analisado e que a tendência é de que Hugo Duarte seja liberado. A notícia foi alterada às 10h56.

Na saída da audiência, na Central de Flagrantes, Santiago informou ainda que o Ministério Público (MP) deu parecer favorável à liberação do acusado. "Decidiram pela liberação do professor Hugo a partir da do nosso pedido para que ele pudesse responder em liberdade. Vamos aguardar em breve instantes a divulgação do resultado da decisão da juíza. Porém, ela respondeu positivamente e, inclusive, até o Ministério Público já deu parecer favorável a sua suplementação", declarou o advogado.

A decisão também é prevista pela advogada Camila Carneiro, presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados da Bahia, que acompanha o caso desde a confusão que acabou na prisão de Hugo.

Para ela, mesmo com a prisão em flagrante e as testemunhas que corroboram com a acusação, não é comum que, em casos assim, a prisão seja mantida e convertida em preventiva.

"Eu gostaria de lhe dizer, com toda certeza, que ele ficaria. [...] Porém, apesar de se tratar de um crime grave que teve pena endurecida, nós sabemos que há uma probabilidade grande de sair pela porta da frente, pois não temos a cultura da punição nesses caso", explica Camila, que acompanha de perto os desdobramentos da história.

Ela garante, no entanto, que a saída dele não vai significar uma liberação do caso, já que será processado ainda que esteja em liberdade. "Injúria racial é racismo, logo é um crime imprescritível e inafiançável. É um crime de potencial ofensivo e ele vai responder o processo, esteja ele preso ou não a partir da decisão que será tomada aqui", completa ela em frente à Central de Flagrantes, onde a audiência ocorre.

O advogado Felipe Santiago, que representa Hugo, fez questão de destacar que não havia justificativas legais e jurídicas para a manutenção da prisão, já que ele não oferece risco a ordem pública ou ao prosseguimento das investigações.

"O momento processual agora é tão somente no que diz respeito a se ele deva ou não responder o processo de liberdade. É saber se o Hugo Duarte é uma pessoa perigosa, se ele pode causar algum mal à ordem pública, se se a possibilidade dele fugir ou ele atrapalhar a instrução. Nós entendemos que não há nenhum requisito para a manutenção da sua prisão", diz Santiago.

A OAB Bahia acompanha o caso e presta apoio à vítima, orientando desde o registro do boletim de ocorrência até o encaminhamento do processo.

A zagueira do Bahia, Suelen Santos, se pronunciou nas redes sociais sobre o caso e reafirmou que foi vítima do treinador. "Ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude. A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista", escreveu, em nota.

Times comentam episódio

Em nota, o JC Futebol Clube disse que 'repudia qualquer ato de racismo' e que o jurídico averigua se as informações para realizar os procedimentos para que 'não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos'.

O Bahia também se pronunciou através de nota e disse que a 'comemoração pelo acesso das Mulheres de Aço à elite do futebol brasileiro acabou manchada por episódio lamentável no estádio de Pituaçu'.

"O diretor de Operações e Relações Institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha", diz a nota.