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Técnico foi enquadrado por injúria racial contra jogadora do Bahia e pagou R$ 42 mil para ser liberado

Hugo Duarte teve a liberdade provisória concedida em audiência de custódia

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 10 de julho de 2024 às 13:57

Técnico Hugo Duarte chegou de cabeça coberta para audiência de custódia
Técnico Hugo Duarte chegou de cabeça coberta para audiência de custódia Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Liberado em audiência de custódia na manhã desta quarta-feira (10), na Central de Flagrantes, o técnico Hugo Miguel Duarte Macedo, de 44 anos, preso em flagrante em confusão com jogadora do Bahia na última segunda-feira (8), foi enquadrado por dois crimes: desacato e injúria racial. Miguel teria chamado uma jogadora do clube baiano de ‘macaca’ após o término do jogo entre o JC Futebol Clube, onde é treinador, e o Bahia pela Série A2 do Brasileirão Feminino.

Desde 2023, o crime de injúria racial é equiparado ao racismo, crime que é inafiançável. No entanto, no texto da decisão que o concedeu liberdade, a terceira medida cautelar imposta ele é um pagamento. “Recolhimento de fiança no valor de 30 (trinta) salários-mínimos, de modo a vinculá-lo a futura ação penal”, escreveu a juíza responsável em uma das condições para que ele fosse liberado. O valor estipulado é de cerca de R$ 42 mil.

Na audiência de custódia, foram expostos os depoimentos dos presentes na ocorrência, no Estádio de Pituaçu. Entre os ouvidos, está uma mulher, não identificada, que afirmou ver o momento em que Miguel proferiu ofensas racistas contra a zagueira Suelen, que acionou os policiais para denunciar o crime.

"Em seu depoimento, a testemunha, disse que presenciou o exato momento no qual o ‘flagranteado’ chamou a vítima de “macaca”, tendo dito que ele repetiu o xingamento três vezes. A vítima contou que o flagrado apontou o dedo em seu rosto e a chamou de "macaca". O ‘flagranteado’ negou a prática do delito. A materialidade delitiva e os indícios suficientes de autoria encontram-se demonstrados pelas provas orais produzidas", escreveu a juíza.

Os policiais que atenderam a denúncia de Suelen e autuaram o técnico em flagrante também foram ouvidos pela juíza. Um deles apontou que a vítima estava chorando quando foi denunciar o técnico. “Que a vítima foi até a guarnição chorando, muito nervosa e falou que o técnico do time adversário proferiu injúria racial contra ela, chamando-a de "macaca". Que ressalta que não presenciou a injúria racial, apenas conduziu as partes para a central de flagrantes", explica a transcrição do depoimento.

Apesar de conceder a liberdade provisória ao técnico, a Justiça determinou que o acusado deve comparecer a todos os atos processuais e manter endereço atualizado. Além disso, ele precisa comparecer bimestralmente em juízo pelo período de 1 ano, podendo cumprir essa medida em Manaus, onde mora. Há ainda proibição de se ausentar da comarca de residência, sem permissão prévia ou ausentar-se por mais de oito dias de sua residência sem autorização. Por fim, Hugo não pode se aproximar ou entrar em contato com a atleta do Bahia.