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Larissa Almeida
Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 18:47
Uma proposta de mediação para sanar os impasses entre o Governo do Estado e a concessionária responsável pela construção da Ponte Salvador-Itaparica foi aprovada com unanimidade pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA), no final da tarde desta terça-feira (11). O projeto, que foi elaborado por uma Comissão de Consensualismo, atualiza os termos da licitação e estabelece que a obra deve custar, inicialmente, em torno de R$ 10,4 bilhões, sendo R$ 5,07 bilhões de recursos públicos. Originalmente, o contrato previa R$ 6,3 bilhões para construção do sistema viário, sendo R$ 1,5 bilhão de recursos públicos. >
A mediação foi necessária porque havia um impasse entre o Governo da Bahia e a concessionária responsável pela obra. De um lado, o Consórcio Salvador-Itaparica, que é formado pela pelas empresas China Railway 20 Bureau Group Corporation e China Communications Construction, reclamava a necessidade de ajustes no contrato por conta dos impactos econômicos da pandemia de Covid-19, que causaram variações nos custos dos insumos e do capital desde a assinatura do projeto executivo, em 2020.>
Por outro lado, o Governo da Bahia foi resistente à ideia de aumentar o valor dos repasses. Em janeiro do ano passado, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) não descartou romper o contrato de licitação. Meses depois, ele admitiu publicamente a dificuldade de encontrar dinheiro para investimentos.>
Na sessão de julgamento da proposta de mediação, os cinco conselheiros do TCE votaram a favor do aditivo que permite a manutenção do contrato com o consórcio chinês, com as devidas mudanças. Uma delas é o prazo da concessão da ponte ao consórcio, que passará a ser de 29 anos e outros 6 anos de obras. Antes, o contrato previa 30 anos de concessão. >
Outras mudanças ocorreram na esfera financeira. Como já mencionado no início da reportagem, houve aumento no CAPEX, isto é, no valor de investimento inicial, que passou a ser estimado em R$ 10,4 bilhões. O valor terá taxa de retorno interna atualizada para 10,72% ao ano. O aporte público, isto é, a participação dos recursos do governo baiano, passou a ser de R$ 5,07 bilhões.>
Nesses moldes, a previsão é de que haja contraprestação anual de R$ 371 milhões ao ano durante dez anos. Nos anos subsequentes, foi estipulada a contraprestação de R$ 170 milhões. Todos os valores podem sofrer ajustes, porque a aprovação de mediação só garante o fim dos impasses entre o Governo do Estado e a concessionária. No contrato final entre as partes, que pode ser assinado após o Carnaval, pode haver novo entendimento sobre os valores.>
Para Marcus Presidio, presidente do TCE, o grande feito do projeto aprovado nesta terça é a conclusão de que as obras para a Ponte Salvador-Itaparica ainda são viáveis. "O Tribunal de Contas trabalhou para analisar se era economicamente viável para o Estado da Bahia manter esse contrato ativo. Depois de profundas análises e discussões entre as partes, o TCE chegou à conclusão de que ainda é vantajoso", disse.>
"A partir de agora, só falta a assinatura do contrato. Houve um aumento natural por conta da taxa de juros, dólar e outras variações, como o aumento dos materiais de construção e siderúrgicas. Isso é uma realidade mundial", finaliza.>