Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Millena Marques
Publicado em 22 de novembro de 2024 às 18:00
A taxa de desempregados da Bahia é a segunda maior do país, com um índice de 9,7%, atrás apenas de Pernambuco, que tem 10,5%. No total, 6,4 milhões de baianos estão sem emprego. Nesse número, há uma disparidade entre gênero: enquanto 7,4% (294 mil) homens estão desempregados, a porcentagem de mulheres é de 12,6% (387 mil).
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) Trimestral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao terceiro trimestre de 2024.
As mulheres são 52,6% (6,4 milhões) de todas as pessoas que poderiam estar trabalhando pela idade (12,3 milhões). No entanto, elas são seis em cada 10 pessoas desocupadas que estão em busca de trabalho, mas não encontram. A diferença é explicada por uma série de fatores culturais e históricos, conforme explica a supervisora de disseminação do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros. "É claro que essa dupla jornada, a sobrecarga em relação a fazer e cuidados domésticos e cuidados com pessoas se tornam um obstáculo para as mulheres no mercado de trabalho”, disse.
"Essa divisão sexual do trabalho, que de alguma maneira nos afasta desse trabalho produtivo mais do que afasta os homens, do que propriamente as questões relacionadas às tarefas reprodutivas, porque na verdade nós acumulamos essas duas coisas”, complementou Ana Georgina Dias, supervisora técnica regional do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A pesquisa mais recente do IBGE sobre divisão de trabalho doméstico, em 2022, mostrou que 91,3% (5,7 milhões) das mulheres realizavam afazeres domésticos e/ou cuidavam de pessoas em casa ou na casa de parentes; entre os homens a proporção era de 75% (4,3 milhões). As mulheres baianas dedicavam, em média, 23,1 horas por semana a afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, mais que o dobro do tempo dos homens (10,9h).
Para a professora Darlane Andrade, docente do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia (Neim/Ufba), ainda há um recorte racial a ser analisado. “As mulheres negras enfrentam o racismo que se soma ao sexismo nos postos de trabalho, levando-as a estarem em trabalhos com menor remuneração se comparado às mulheres brancas”, disse.
Ela destacou que também há uma dupla discriminação “na função de cuidadoras dos seus lares e dos lares das outras mulheres - mulheres brancas - porque são ainda as mulheres negras que exercem as funções de empregas domésticas.”
A reportagem solicitou o recorte de mulheres brancas e negras desempregadas na Bahia, mas o IBGE informou que não há um levantamento com gênero cor/raça juntos.
*Com orientação da subeditora Tharsila Prates