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Larissa Almeida
Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 09:30
No último domingo (14), Salvador registrou a temperatura recorde para este ano quando o termômetro da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizado na Base Naval de Aratu, no Subúrbio Ferroviário de Salvado, marcou 36,2°C. Além do incômodo com o suor constante, as temperaturas elevadas estão dificultando as vidas dos soteropolitanos, que precisam redobrar os cuidados durante a alta estação. As recomendações vão desde o uso de protetor solar até a adoção de uma dieta equilibrada. >
De acordo com a nutricionista Carolina Dias, o maior perigo consiste na exposição ao sol, que pode ocasionar problemas de saúde, como desidratação, insolação, esgotamento do calor e golpe do calor. A insolação acontece quando há exposição prolongada ao calor intenso e a temperatura do organismo fica acima de 40°C, podendo desencadear tontura, náuseas, confusão mental e, em casos mais graves, concussão e perda da consciência. >
O esgotamento do calor, por sua vez, é uma condição menos grave do que a insolação, mas que também é perigosa. A pessoa diagnosticada com esse problema pode apresentar náuseas, fraquezas, tontura, dor de cabeça e sudorese excessiva. Já a desidratação acontece quando há suor excessivo na tentativa de regular a temperatura, mas, em troca, não há a ingestão de água da maneira adequada. >
“Podemos entender como sintoma de desidratação a boca seca, urina muito escura, diminuição das funções cognitivas, tontura e sede intensa. Quando observamos isso, podemos deduzir que estamos entrando em processo de desidratação”, alerta a especialista. >
O golpe do calor é quando o organismo humano ultrapassa os 40°C, não havendo mais controle sobre ele. “As pessoas começam a ter alucinações, confusões mentais, o pulso e os batimentos ficam muito acelerados, a respiração rápida. Mas tudo isso é possível prevenir com alguns cuidados antes de chegar numa situação dessa”, diz. >
Alguns dos cuidados é buscar espaços com sombra, ter sempre uma garrafa de água em mãos, usar protetor solar e usar roupas claras e leves para evitar a transpiração e a absorção de calor. Também é necessário fazer uma dieta que invista em alimentos leves. “Quando pensamos em alimentação para diminuir a temperatura corporal, devemos pensar em alimentos leves e que não estimulem ainda mais o nosso sistema digestório, fazendo com que a gente aumente ainda mais a temperatura”, aponta. >
“Devemos evitar alimentos pesados, como feijoada, carnes vermelhas, cozido e frituras, e [apostar] em alimentos mais in natura. Frutas são indicadas, assim como folhas, proteínas de carnes magras, como peixes, e proteínas vegetais, como lentilha, grãos, ervilha. Também, beber muita água. Água de coco para repor os eletrólitos também é indicada”, afirma a nutricionista. >
A quantidade de água recomendada para não desidratar no verão é de 40 ml a 45 ml por litro de peso. No inverno, essa quantidade pode ser reduzida para 35 ml. A importância da hidratação é destacada pela dermatologista Marília Acioli, que explica o uso elevado de líquido que o corpo necessita para lidar com o calor. >
“Quando nosso corpo está exposto a altas temperaturas, o mais importante é se reidratar. A tendência é que a gente perca muito líquido na respiração e na própria transpiração. Existe também uma sobrecarga do sistema cardiovascular que acontece nesse contexto, onde existe pouco líquido no corpo, que pode ocasionar inúmeras consequências”, adverte. >
Para evitar doenças de pele, a recomendação, além do uso de protetor solar, é evitar ficar com roupas molhadas por muito tempo. “As regiões úmidas vão aumentar a chance de infecções bacterianas, como foliculite ou bromidrose, que é o mau odor nas axilas e nos pés, e infecções fúngicas, como micoses, que aparecem com mais frequência nas virilhas e entre os dedos dos pés”. >
Os cuidados devem ser redobrados para as crianças. A dermatologista aconselha que os responsáveis fiquem alertas aos sinais de sonolência e diminuição de atividades, que podem indicar desidratação nos pequenos. Para prevenir esse quadro, é indicado oferecer água fresca para eles com frequência e checar a coloração da urina. >
Por sua vez, as crianças com menos de seis meses de vida não devem ser expostas diretamente ao sol em razão da maior probabilidade de desidratação, uma vez que a pele delas são mais finas. Também não é aconselhável cobri-las em excesso. “Numa situação em que as temperaturas estão mais altas, isso pode também desfavorecer a desidratação e favorecer as doenças relacionadas ao excesso de suor, como abrotoesa, micose e infecção bacteriana”, finaliza Marília Acioli. >
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo >