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Suspeito de matar delegada tem prisão convertida para preventiva em audiência de custódia

Tancredo Neves Feliciano de Arruda confessou que matou a delegada Patrícia Neves Jackes Aires após uma discussão dentro do carro

  • Foto do(a) author(a) Da Redação
  • Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2024 às 18:05

Tancredo Neves Feliciano de Arruda havia sido preso por agressões contra à delegada
Tancredo Neves Feliciano de Arruda Crédito: Reprodução/Redes sociais

Suspeito de matar a delegada Patrícia Neves Jackes Aires, 39 anos, Tancredo Neves Feliciano de Arruda teve a prisão em flagrante convertida em preventiva em audiência de custódia na tarde desta segunda-feira (12). A informação é da TV Bahia. Procurado, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) informou que o caso está em segredo de justiça. O Ministério Público do Estado da Bahia confirmou ao CORREIO que o caso seguirá sob sigilo.

Tancredo foi colocado em uma viatura com as mãos e pés algemados e levado ao Fórum Cândido Santos, em São Sebastião do Passé, por volta das 14h. A audiência durou cerca de duas horas.

A decisão do juiz indica que há materialidade indicando a autoria do crime. Questionado pela imprensa se estava arrependido do crime, Tancredo chorou, mas ficou calado.

Em seguida, Tancredo foi saiu escoltado por policiais que o levaram de volta para a delegacia da cidade, onde passou por exame de corpo de delito no Departamento de Polícia Técnica (DPT) - ele tinha marcas aparentemente de unhas no pescoço - e depois encaminhado para Central de Flagrantes de Salvador, onde deve passar a noite, segundo a TV Bahia.

Ainda na saída do fórum, Tancredo negou que tenha sido responsável por crimes contra outras mulheres e disse que não atuava como médico. "Tudo vai ser esclarecido na Justiça", afirmou aos repórteres que estavam no local.

O suspeito deixou a audiência sob gritos de "assassino" entoados por pessoas que aguardavam do lado de fora.

NOVO DEPOIMENTO

Em novo depoimento, após a audiência, Tancredo Neves explicou o que realmente aconteceu dentro do carro. Até então, ele sustentava a versão de que foi sequestrado com a namorada. O autor do crime disse que usou o cinto de segurança para se defender durante uma discussão dentro do carro da delegada. "Ela veio para cima de mim e nessa hora eu perdi a cabeça", disse em um vídeo gravado na delegacia, divulgado pela TV Bahia.

Tancredo disse ainda que não premeditou o crime e que inventou a história do sequestro de última hora para escapar das acusações. "Não foi nada criado, aconteceu, tanto que não tem nem pé nem cabeça essa história", completou.

PRIMEIRA VERSÃO

Anteriormente, Tancredo Neves havia contado que estava com a namorada, na noite de sábado (10), quando ela pediu que parasse em algum lugar para ela ir ao banheiro. Nesse momento, três homens armados teriam abordado o casal e dirigido por um tempo. Ele teria sido liberado após o pedágio e os bandidos seguido caminho com a delegada no carro. A historia contada pelo suspeito levantou suspeitas dos policiais.

"A historia tinha muitas inconsistências. Diligencias foram realizadas, equipes trabalharam até a manhã desta segunda-feira (12) para a conclusão do auto de prisão. Agora com a prisão preventiva precisamos aprofundar, principalmente, com o rastreio de imagens ao longo do caminho e sinais de celulares para compor a linha do tempo desde que aconteceu", disse a delegada geral da Polícia Civil, Heloísa Brito à TV Bahia.

PRISÃO EM FLAGRANTE

Tancredo foi autuado em flagrante neste final de semana pelo feminicídio, após o corpo da delegada Patrícia Neves Jackes Aires ser encontrado no banco do carona do veículo dela, em uma área de mata, no município de São Sebastião do Passé. Fontes ligadas à polícia disseram que havia diversas contradições no depoimento dele. A causa da morte ainda está indefinida, aguardando conclusão do laudo, mas há informações iniciais de que ela teria sido estrangulada.

A Polícia Civil da Bahia disse que lamenta "profundamente a morte da servidora, que estava lotada no plantão da Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus, e informa que está empenhada com todos os seus departamentos para esclarecer plenamente as circunstâncias do caso e realizar todas as providências de polícia judiciária cabíveis".

Passagens

Patrícia e Tancredo
Patrícia e Tancredo Crédito: Reprodução

Tancredo tem uma série de passagens pela polícia em seu histórico. Além de ter sido preso por agressões contra a vítima anteriormente, Tancredo Neves foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.

Uma investigação foi iniciada em 2022 pela Delegacia Territorial de Euclides da Cunha, e a polícia concluiu que Tancredo Neves não tinha competência para exercer a medicina em território brasileiro. Ainda de acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). 

O órgão foi questionado sobre o andamento do processo, mas não retornou até a publicação desta matéria. A pena prevista para o exercício ilegal da medicina é detenção de 6 meses a 2 anos.

"Ele se formou em outro país e não passou pelo Revalida. Então, não poderia exercer a profissão de medicina no Brasil", lembrou a delegada Rogéria Araújo, coordenadora do Departamento de Polícia do Interior (Depin).

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) informou que não há nenhum médico registrado com o nome do indivíduo suspeito de envolvimento no assassinato da delegada Patrícia Neves Jackes Aires.

Ele também já tinha sido detido por agressão a ela em Santo Antônio de Jesus, onde a vítima trabalhava e residia. Em maio deste ano, Tancredo Neves Feliciano de Arruda foi levado à delegacia com base na Lei Maria da Penha, depois de ter quebrado um dos dedos da esposa. A Justiça decretou uma medida protetiva em defesa da vítima, mas o casal se reconciliou e Tancredo Neves foi solto.