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Vitor Rocha
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 18:25
Um dos suspeitos de envolvimento no assassinato do cacique Pataxó Hã-Hã-Hãe Lucas Santos de Oliveira foi preso nesta terça-feira (19). Em cumprimento de mandado de prisão, o acusado foi apreendido pelos policiais após se entregar na 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), localizada em Itabuna.
De acordo com a Polícia Civil, o indígena de 20 anos se apresentou espontaneamente na unidade policial, acompanhado do advogado. O suspeito vai cumprir dois mandados de prisão preventiva, um por homicídio e outro por posse ilegal de arma de fogo. Em depoimento, ele confessou a coautoria no crime cometido contra a vítima de 31 anos na reserva indígena de Caramuru, no município de Pau Brasil, sul da Bahia.
No dia 21 de dezembro de 2023, quando Lucas se deslocava da cidade para a Aldeia indígena Caramuru, ele foi interceptado por dois criminosos em uma estrada vicinal e assassinado pelas costas, com 15 disparos de arma de fogo. Há outros três homens suspeitos de envolvimento na morte do indígena.
Relembre a acusação do Ministério Público
O Ministério Público da Bahia (MP-BA), abriu uma acusação contra cinco homens envolvidos no homicídio do cacique Lucas Santos de Oliveira, ocorrido em dezembro de 2023 no município de Pau Brasil, sul do estado. A denúncia foi recebida pela Vara Criminal de Camacã.
As investigações apontam que o homicídio foi planejado e executado por um grupo de cinco suspeitos que, em sua maioria, integra uma facção criminosa envolvida com o tráfico de drogas no sul da Bahia. O crime teria sido ordenado de dentro do Presídio de Itabuna por Fábio Possidônio e cometido em represália pelo cacique ter colaborado com a Polícia denunciando o crime organizado e o narcotráfico na região do Território Caramuru Catarina Paraguaçu, segundo o MP.
A disputa pelo cargo de diretor do Colégio Estadual Gerson de Souza Melo Pataxó também contribuiu para que Lucas de Oliveira fosse considerado um desafeto dos traficantes. A liderança indígena foi contrária ao resultado da eleição para direção da unidade escolar, por supostas irregularidades no processo quanto às tradições indígenas. Por essa razão, ele foi apontado como o delator do tráfico à Polícia.
Liderança
O cacique lutava pela defesa dos direitos indígenas e era líder comunitário, exercia as funções de cacique do Povo Pataxó Hã Hã Hãe, coordenador Regional do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas do Estado da Bahia (Mupoiba), conselheiro Estadual de Direitos do Povos Indígenas da Bahia (Copiba), presidente do Diretório Municipal do Partido Rede Sustentabilidade, agente comunitário de saúde indígena, mobilizador de esporte e defensor da educação escolar indígena.