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Brenda Viana
Publicado em 5 de janeiro de 2025 às 16:36
Um sol para cada cabeça e axé para todos. No primeiro domingo (5) de 2025, baianos e turistas fizeram fila no Parque da Cidade, em Salvador, para curtir o show surpresa do cantor Saulo que, de alguns anos para cá, tem feito apresentações nos verões soteropolitanos no mesmo lugar.
Antes mesmo das 10h, muitos fãs e admiradores do artista já estavam esperando a área da Concha Acústica do parque abrir para se acomodarem. A temperatura marcava 29°C, mas a sensação térmica era de 36°C. Mesmo com o suor escorrendo pelo rosto, o público esperou pacientemente pelo show, que marcou a contagem regressiva para o Carnaval de Salvador.
"Bom dia, senhores!", disse Saulo ao subir no palco. A frase, que já é icônica em cima do trio elétrico, arrepiou quem estava no chão com sua latinha de cerveja ou garrafinha de água na mão, além dos leques para conseguir um vento.
O cantor foi emendando uma música atrás da outra, clássicos da época da Banda Eva e sucessos que adquiriu após a carreira solo. O público, claro, mostrou que estava afinado, acompanhando todas as canções. Saulo ainda levou para o palco dois convidados: Bambam, ex-Parangolé, e Xella.
Durante o show, do lado esquerdo do palco, uma mangueira gigante foi ligada, refrescando a galera que "sofria" com o calor escaldante deste domingo. "Joga água aí, deixa meu povo se refrescar mais", brincou o cantor.
A solidariedade do público também chamou a atenção. Quando algumas pessoas passaram mal por causa da alta temperatura, todos gritaram para atrair o olhar de Saulo e pedir ajuda. "Só vamos voltar a tocar quando a ajuda chegar", disse o cantor. Após o atendimento do Corpo de Bombeiros, todos ficaram bem. Quando o espaço ficou lotado, foi possível ver algumas pessoas se acomodando por dentro da mata, se protegendo em meio às árvores para fugir do bafo quente que circulava no concreto.
Durante o Carnaval, a situação não será muito diferente. Saulo contou que estará no Circuito Osmar, no Campo Grande, na sexta e terça. "Isso aqui é só um ensaio, galera. Sexta e terça estaremos lá na Avenida, nesse mesmo horário, no sol, para o meu público", revelou.
No meio do público, Gabriela Neiva, de 28 anos, curtia o show com cuidado para ninguém esbarrar nas suas muletas. A psicóloga moradora do bairro do Cabula é fã de Saulo desde a época em que o cantor era integrante da banda Chica Fé. Sempre assistindo às apresentações pela televisão devido à deficiência física, a fã decidiu se aventurar no Parque da Cidade.
"Eu prometi a ele que um dia a gente ia se encontrar na Avenida e tem dois anos que vou atrás dele, não abro mão. Eu sou apaixonada pelo Axé, pela música baiana verdadeira porque tem poesia, tem sentimento. E várias vezes a música dele me deu forças para continuar. Por isso estou aqui", contou.
Após o show, em entrevista à imprensa, Saulo comentou sobre o circuito em que vai desfilar na folia momesca. Ele revelou que não gosta de falar que houve um resgate do circuito do Campo Grande. Para ele, lá se revive o verdadeiro Carnaval. "Quando a gente pensa em Moraes [Moreira], quando a gente pensa em Armandinho, toda vez que eu lembro do começo do Carnaval, só vem a Avenida. Deus abençoe a Barra, mas a Avenida é o verdadeiro Carnaval", avaliou.
Saulo no Parque da Cidade, domingo (5)
Resistência. Essa é a palavra que resume a Axé Music para Saulo. Neste ano, o movimento musical completa quatro décadas de existência e o cantor, que puxa trio há mais de 20 anos, comentou sobre essa que é uma de suas paixões
"A música que vem de clave de terreiro, de preto, a música de resistência, ela vive alegre e vai viver sempre. Ela alegra o país, não só pelo fato de ser baiana, mas nordestina. Essa música contamina o país de alegria, um país que tem uma música diversa. O Axé pra mim é delicioso, eu amo fazer", comentou.
Em setembro do ano passado, o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, comentou que a mudança do circuito do Carnaval em Salvador não vai acontecer em 2025, mas deixou claro que o assunto será debatido novamente.
Questionado, Saulo disse que essa medida é uma forma de tentar desafogar o circuito Dodô, que foi criado em 1992 também para aliviar o Campo Grande. Naquela época, o Centro já estava com sua lotação máxima.
"De alguma maneira tem que desafogar, né? Sobretudo a Barra. Eu acho que vai chegar um momento em que a Barra não vai suportar. A Avenida está massa, está tranquila, não temos passado tanto sufoco. Eu não entendo o que é mais viável 'engenheiramente' falando, mas tomara que seja a melhor escolha, que seja em prol das pessoas, do povo. E que o povo seja o grande comtemplado", completou o artista.