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Wendel de Novais
Publicado em 26 de setembro de 2024 às 14:34
O nervosismo e o choro tomaram conta do salão nobre do Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, nesta quinta-feira (26). Por lá, 30 casais LGBTQIAPN+ puderam realizar o sonho de ter sua união reconhecida no civil, se casando com terno, vestido, véu, grinalda e tudo que têm direito. Os sentimentos se dividiam em duas partes. Antes da entrada, na sala de espera, muitos mostravam nervosismo, chegando a tremer. Com a abertura da porta e o tapete vermelho em vista, o rosto cedia lugar a lágrimas de alegria.
A emoção é justificável. Para alguns deles, a oportunidade de casar era imaginada por anos. No caso de Shirley Oliveira, 42 anos, e Ana Cristina Santos, 51, a espera tem quase uma década. “É um sonho de 9 anos, desde o momento que estamos juntas. Sempre tivemos essa ideia de casar, mas a gente nunca teve a oportunidade. Toda a preparação foi uma surpresa para minha esposa, eu fiz a preparação e só avisei em cima. Ela levou aquele susto, mas abraçou, assim como toda a família”, conta Ana.
Ao falar da surpresa, Shirley afirma que não poderia ser melhor. “Foi uma surpresa maravilhosa porque, na realidade, eu sempre quis, né? Sempre comentei com ela, mas faltava oportunidade de casar. Estou muito feliz, ainda mais por ser aqui no salão nobre”, conta ela. O casamento das duas e de outros 29 casais foi a primeira cerimônia que o salão nobre do Fórum Ruy Barbosa, o mais antigo das américas, recebeu.
Marcelo Igor Sena, 44, que também foi surpreendido pelo, agora, marido Orleans Pereira, 46, contou que não conhecia o salão nobre até ser avisado que o casamento aconteceria no local. “Ele inscreveu a gente no projeto em segredo, eu só recebi a mensagem. Eu não conhecia essa parte do fórum, só sabia o que existia lá embaixo. Fiquei surpreso, achei muito bonito e me senti privilegiado por saber que é a primeira vez que tem casamento aqui”, destacou Marcelo. Por sua vez, Orleans celebrou o feito. “Fizemos história”, disse ele, com um sorriso largo no rosto.
Diretora do Fórum Ruy Barbosa, Verônica Ramiro também não poupou sorrisos durante a cerimônia. Ela celebrou o fato do projeto Amor em Cores, que é promovido pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e pela Associação de Oficiais de Registro Civil da Bahia (Arpen-BA), aproximar o salão nobre do povo. “Eu me associo à alegria de todos e sinto em todos aqui, que é um dia de festa. [...] Espero que seja um marco de muitos eventos como este que possam acontecer neste salão porque ele é um salão nobre para o povo nobre da nossa terra”, afirmou a diretora.
O Amor em Cores tem apoio da Corregedoria do Estado da Bahia e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), além de ser realizado pela Comissão para a Promoção de Igualdade e Políticas Afirmativas em questões de Gênero e Orientação Sexual do TJ-BA (Cogen).