Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 09:42
Um reservista israelense que estava na Bahia deixou o Brasil no domingo (5) depois de se tornar alvo de um pedido de investigação por suspeita de cometer crimes de guerra na Faixa de Gaza. O militar se tornou alvo da Justiça Federal do Distrito Federal depois de um pedido feito pela organização pró-palestina Fundação Hind Rajab (HRF, em inglês), que tem acompanhado a atividade de centenas de soldados de Israel pelo mundo. As informações são do jornal O Globo.
O pai do soldado Yuval Vagdani, de 21 anos, disse que ele foi alertado por um amigo, que recebeu mensagem da Embaixada de Israel em Brasília sobre a investigação. "Eu disse a eles para escaparem imediatamente e não ficarem lá nem por mais um minuto. Eles rapidamente fizeram as malas e cruzaram a fronteira em poucas horas. Num piscar de olhos, eles passaram de turistas a fugitivos", disse ele ao jornal israelense Haaretz.
A Embaixada de Israel confirmou que o militar estava na Bahia e foi acompanhado por um representante diplomático até o aeroporto, deixando o Brasil. "Acompanhamos à distância o processo de saída dele, para sabermos qual a sua situação. Nós acompanhamos a saída. A decisão e a ação foram dele", explicou ao jornal o embaixador Daniel Zonshine. O Itamaraty não se manifestou.
De acordo com apuração do jornal, o israelense deixou o país pelo Aeroporto de Salvador rumo à Argentina.
Governo israelense rebate denúncia
Em nota, o governo de Israel destaca que o país exerce o direito à autodefesa por conta de um "massacre brutal cometido pelo grupo terrorista palestino Hamas, em 7 de outubro de 2023", quando mais de 1,2 mil israelenses foram assassinados em um ataque do Hamas que também fez 240 reféns. O governo afirma que todas as operações militares em Gaza são conduzidas em total conformidade com o direito internacional.
"Os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses", afirma a nota.
O governo de Israel diz que o país tem sido alvo de uma campanha global com base em denúncias ilegais. A nota diz que a autora da petição contra o soldado, a Fundação Hind Rajab, explora "de forma cínica os sistemas legais para fomentar uma narrativa anti-Israel tanto globalmente quanto no Brasil".
A organização internacional está sediada na Bélgica e defende os direitos palestinos. A denúncia da HRF tem como base evidências, como vídeos, dados de geolocalização e fotografias postadas nas redes sociais. Eles apontam que o soldado teria participado de demolições de residências civis em Gaza, em uma campanha "de destruição". "Esses atos fazem parte de um esforço mais amplo para impor condições de vida insuportáveis aos civis palestinos, o que constitui genocídio e crimes contra a Humanidade segundo o direito internacional", afirmou a organização.