Soja enfraquecida: produção baiana recua R$ 3,7 bilhões em um ano

Conjuntura internacional pode estar influenciando os resultados

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  • Gil Santos

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 07:30

Colheita de soja
Colheita de soja Crédito: CNA/Wenderson Araujo/Trilux

De todos os produtos agrícolas que a Bahia produziu e vendeu em 2023, a soja foi o que apresentou a maior queda absoluta. Foram R$ 17 bilhões em vendas, o que representou R$ 3,7 bilhões a menos que o registrado em 2022. Uma queda de 18%. Os dados são da pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e divulgada nesta quinta-feira (12). Ainda assim, a soja representou 39,9% das vendas da agricultura no estado.

Apesar da queda no valor, o volume de produção de soja no estado aumentou. Em 2023, foram colhidas 7,777 milhões de toneladas, 818 mil a mais do que em 2022 (11,8%). Com isso, a Bahia se manteve como a 7ª maior produtora de soja no Brasil, tanto em quantidade, com 5,1% do total nacional, quanto em valor, representando 4,9% do total gerado pelo produto no país.

Milho e café canephora também encolheram no valor das vendas. O milho em grão rendeu R$ 2,9 bilhões ou 6,8% de todo o valor agrícola do estado. Comparada com 2022, a queda foi de 15,9% (menos R$ 557,5 milhões). Já o café registrou redução de R$ 172,5 milhões nas comercializações. A supervisora do IBGE, Mariana Viveiros, explicou que os números são reflexo de uma conjuntura internacional.

"Em 2022, tivemos um ano de recorde nos preços internacionais das principais commodities, como influência da pandemia e do conflito entre Rússia e Ucrânia. Em 2023, já não temos mais essa conjuntura, os preços já não estão mais tão aquecidos, houve a superação da situação de pandemia e a guerra enfraqueceu como fator de influência. Os preços desses produtos caíram", explicou.

Outro fator apontado pela especialista foi o aumento da produção. Na Bahia, entre 2022 e 2023, a safra de grãos cresceu 12,2% e alcançou o recorde de 12,7 milhões de toneladas, porém, o valor gerado caiu 12,1% no período.

A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) foram procuradas para comentar os resultados da pesquisa, mas ainda não se manifestaram.