Sobe para 154 o número de mulheres baleadas por arma de fogo em 2023

Somente no mês (01/11 até 20/11) de novembro foram 16 baleadas, com oito mortas e oito feridas

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  • Yasmin Oliveira

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 18:10

Enfermeira Renanta Santana foi morta pelo companheiro
Enfermeira Renanta Santana foi morta a tiros pelo ex-marido Crédito: Reprodução

A violência armada contra mulheres registrou 154 vítimas, feridas e mortas, no ano de 2023. De acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado, 97 destas mulheres que foram baleadas neste ano faleceram.

Entre os números coletados pelo Instituto, que produz e divulga dados abertos e colaborativos sobre violência armada, somente no mês de novembro (01/11 até 20/11) 16 mulheres foram vítimas da violência armada: oito foram mortas e oito feridas.

“Tem um crescimento no número de feminicídios, mas esse não é tão expressivo assim para explicar esse aumento grande no número de mulheres baleadas, ele vai muito além das questões de feminicídio. As operações policiais que, muitas vezes, acontecem em comunidades e acabam vitimando membros dessas comunidades, e a questão de fogo cruzado nas disputas por espaços dentro dos territórios conflitados acabam também levando a morte, inclusive, por bala perdida”, explica o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Horácio Nelson Hastenreiter.

De acordo com dados da Polícia Civil, o número de feminicídios na Bahia em 2023 (01/01 até 19/11) é de 86, sendo 7,5% menor do que o número de 2022 (93).

Como parte da campanha nacional 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Polícia Civil montou uma programação, que começou no último dia 20 e vai até 12 de dezembro, que conta com atendimento e acolhimento ao público, registros de Boletins de Ocorrência (BO’s), cumprimento de mandados judiciais, palestras, panfletagem, orientações, roda de conversas e uma corrida de rua, contra a violência doméstica e familiar, promovida pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam/Brotas), na Barra, em Salvador.

Relembre

Na manhã desta terça-feira (21), em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, uma mulher foi morta a tiros por seu marido. O homem foi preso em flagrante pelo crime, na região da Gameleira. Este é o terceiro feminicídio que acontece em Salvador e Região Metropolitana esta semana.

Segundo informações da Polícia Civil, a vítima foi identificada como Maria José Vieira Pinto, 56 anos. Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram o corpo de Maria caído na rua, e pessoas desesperadas ao redor. Testemunhas do crime conseguiram conter o suspeito de matá-la. Policiais militares do 23 Batalhão de Polícia Militar (BPM) foram até o local, detiveram o homem e o levaram para a 24ª Delegacia.

Na noite de domingo (19), Renata saiu de casa para participar de uma confraternização na casa de uma amiga. O imóvel fica na mesma rua e a alguns metros de onde ela vivia com o filho. A irmã dela e outras amigas também participaram do encontro.

André Luís chegou no portão e chamou por "Bica", como a enfermeira era conhecida. As amigas mandaram que ele entrasse, mas o segurança recusou o convite e pediu para chamarem Renata. Quando a vítima saiu, ele sacou a arma e fez os disparos. Segundo testemunhas, a enfermeira foi baleada três vezes, no abdômen e na cabeça. Houve correria e as amigas tentaram ajudar, mas Renata morreu no local.

Depois de matar a ex-esposa, o segurança entrou no carro e seguiu para casa, no Setor I, também em Mussurunga. Ainda dentro do carro, com os vidros fechados, ele se despediu do filho por telefone, e depois tirou a própria vida. Ele foi sargento do Exército, mas atualmente não fazia mais parte das Forças Armadas e trabalhava como segurança. As duas famílias estão desoladas.

Dentre os casos mais marcantes também está o assassinato de Bernadete Pacífico (72), no Quilombo Pitanga dos Palmares, município de Simões Filho, na noite de 17 de agosto. Mãe Bernadete, como era conhecida, foi uma líder quilombola baiana e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.