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Sob protesto, corpo de funcionário terceirizado da Embasa, morto em ação policial, é enterrado

Welson Figueiredo Macedo, 28 anos, morreu durante incursão policial no bairro de Castelo Branco

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 11 de julho de 2024 às 13:18

Colegas e familiares de Welson lotaram cemitério Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A área interna do Cemitério Bosque da Paz foi dominada por duas cores na manhã desta quinta-feira (11): o branco, utilizado pelos familiares de Welson Figueiredo Macedo, 28 anos, que foi morto em uma ação policial na última terça-feira (9), e o azul, da farda de dezenas de colegas do funcionário terceirizado da Embasa que apareceram para a sua despedida.

Antes do sepultamento, cerca de 40 veículos de funcionários da Bel Cabula, empresa onde Welson trabalhava, fizeram uma carreata para protestar contra a sua morte. Nas ruas, um colega, que preferiu não se identificar, fez forte desabafo. “Poderia ser qualquer um de nós aqui porque eles matam e nada acontece. A gente enterra, chora e nada acontece. Não pode ficar assim, não vamos aceitar essa mentira sobre Welson. Ele não merecia morrer e não merece ter a honra manchada assim”, falou o colega.

Ao falar em mentira, o funcionário se referia à versão da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) sobre as circunstâncias da morte de Welson. Segundo a PM, agentes da 47ª CIPM faziam rondas na região e verificaram três homens praticando roubos em motocicletas. A PM afirma ainda que houve troca de tiros com os suspeitos no fim de linha de Castelo Branco e um deles, que seria Welson, foi atingido.

Esposa de Welson no sepultamento Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Ainda de acordo com a polícia, ele foi conduzido para o hospital, mas não resistiu. Com Welson, teriam sido apreendidos um revólver e munições calibre 38, além de uma moto. Outro colega de trabalho, que também prefere preservar a identidade, questionou as informações divulgadas pela PM, citando a lotação do cemitério e toda a comoção por conta da morte de Welson.

“Uma pessoa ruim mobilizaria tanta gente para o seu enterro? Pararia as atividades de uma empresa como ele está parando? Welson era um cara querido, sossegado e trabalhador, como todos nós. Nenhum vagabundo gera esse tipo de comoção, deixa o cemitério cheio. Os policiais não podem decidir que alguém de bem é bandido, matar e sair impunes mesmo assim”, protestou.

Familiares falaram sobre o caso e afirmaram que Welson tomou um tiro nas costas. Não há, no entanto, confirmação da polícia sobre o número de disparos. Procurada, novamente, a PM-BA informou que instaurou um "feito investigatório" para apurar as circunstâncias da ocorrência.