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Vitor Rocha
Publicado em 15 de dezembro de 2024 às 14:32
Ao som de canções de artistas nordestinos, familiares, amigos e admiradores se despediram do cantor e compositor Thiago Batista de Souza, mais conhecido como Kalu, de 39 anos, neste domingo (15). O corpo do vocalista da banda Forró da Gota foi sepultado no cemitério Bosque da Paz, às 11h.
A morte de Kalu coincidiu com o Dia Nacional do Forró, sexta-feira (13). O artista veio a óbito após passar mal em sua residência, cerca de três semanas depois de ter recebido alta do hospital em que estava internado por conta de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico decorrente de uma trombose. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Na sala 4 do cemitério, uma multidão se juntou em torno do caixão coberto por coroas de flores em homenagem ao forrozeiro. Sob os acordes da sanfona, artistas tocaram e cantaram junto com o público canções tradicionais e populares do Nordeste brasileiro, enquanto seguiam em direção à sepultura. “Tu vens, Tu vens. Eu já escuto os teus sinais”, dizia a letra de Anunciação, composta por Alceu Valença.
Na dor de um pai em luto, Daniel de Souza destacou o orgulho que sente da trajetória do filho sonhador, alegre e poeta. “Sou grato a Deus por ter me dado um filho que buscou trazer alegria para as pessoas durante toda a sua vida. Ele dizia para mim: ‘Eu sou um artista, pai’. Ele tirava uma poesia da sua essência e transformava em música. Por isso, hoje eu botei uma camisa alegre, que foi ele que me deu. A vida dele, mesmo com todas as dificuldades que temos que passar, trouxe alegria em seus versos”, declarou o pai, vestido com uma camisa rosa.
Para Irmão Carlos Psicofunk, produtor musical do Forró da Gota e de projetos solo de Kalu, a iniciativa foi condizente com a história da lenda do forró baiano definida por uma palavra: generosidade.
“Ele é um cara que vinha fazendo muitas coisas pelo forró na Bahia. Ele educava muitas casas de show e muitas pessoas de produção para receber bem o artista e fazer tudo da melhor forma. Ele era muito determinado e exigente, não só consigo mesmo e a própria banda, mas com todos ao redor. Ele sempre estava cobrindo tudo para que as coisas saíssem perfeitas”, disse.
A emoção tomou conta ao final da cerimônia permeada por músicas e as pessoas não conseguiram conter as lágrimas, deixando muitas com a voz embargada. Assim, as canções tiveram o trabalho de descrever o sentimento da despedida.
“Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim. Um grande amor não se acaba assim”, ressaltava o trecho da música Espumas ao Vento, famosa na voz do cearense Fagner, que foi interpretada pelos artistas durante o funeral. O vocalista do Forró da Gota deixa uma noiva e um filho de sete anos.
Um pouco da trajetória de Kalu
Com raízes profundas na música e poesia nordestinas, Kalu já integrou importantes grupos da cena musical de Salvador, como Clube da Malandragem e Pirigulino Babilake, além de ser uma figura ativa em eventos culturais da cidade.
Dentro do Forró da Gota, Kalu combinava xote, baião e xaxado com influências urbanas, trazendo um som vibrante e autêntico ao cenário do forró. Em suas letras, exaltava temas como amor, distanciamento social e as complexidades da vida moderna.