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Wendel de Novais
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 11:25
Não é à toa que integrantes da facção MK, de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), passaram a integrar o Baralho do Crime da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP). Após a ação da facção em diversos casos de mortes violentas na cidade, as autoridades de segurança se voltaram à organização criminosa que tem um modelo de atuação específico. A MK realiza sequestros, tortura e execuções para espalhar medo e mostrar ‘força’. >
As ações de Jonathan Santana Valverde, conhecido como Dom e um dos integrantes que foram adicionados ao Baralho, são exemplos desse modus operandi. Dom não é um líder da facção, mas uma figura de rua da MK que é responsável por ações violentas. “Ele não manda na facção. O próprio nome já dá conta de que as ordens são ditadas por Meiquinho, o M da sigla, e Kila, o K. No entanto, é o homem forte que executa os crimes, sendo violento e perigoso”, conta um policial, sem se identificar.>
Tanto é que, só em 2023, Dom foi denunciado por dois homicídios. O primeiro deles ocorreu no dia 2 março, na região do distrito de Parafuso. De acordo com processo do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), Dom matou a tiros o motorista de aplicativo Rodrigo Costa Araújo. O corpo da vítima foi encontrado carbonizado por familiares, na madrugada do dia 3 de março, dentro do carro em que Rodrigo trabalhava. No entanto, a investigação policial mostrou que a vítima teria sido queimada depois de morta. >
“O laudo necroscópico aponta que o ofendido faleceu de traumatismo crânio encefálico por projétil de arma de fogo. Da mesma forma, o laudo de exame pericial de local do crime aponta que o veículo se encontrava afastado do ponto onde houve derramamento de sangue, sendo movido até o local onde foi queimado a 200 metros”, aponta o inquérito policial que baseou a denúncia. >
A motivação do crime seria o fato de Dom acreditar que Rodrigo tinha furtado drogas da MK e, por isso, atraiu a vítima alegando que teria corrida no local onde ele pôde praticar o crime, configurando uma ação de emboscada. Cinco meses depois, já em agosto, Dom, na companhia de comparsas, matou também Evaristo Barbosa Neto no bairro Alto da Cruz, em frente a um depósito de bebidas. A vítima estava de costas quando foi atingida por disparos dos criminosos na cabeça e no peito. >
Além dos homicídios citados, a SSP informou que há mais duas acusações contra Dom por assassinatos. No caso de Kila e Meiquinho, mandantes das ações, chama a atenção a ordem de castigos e torturas contra alvos da facção, como conta o policial. “Eles promovem espancamentos, sequestros e chegam a torturar pessoas que, às vezes, são mortas. É uma lógica que, ainda que em menor escala, é 'importada' de facções maiores”, fala a fonte. >
Esse foi o caso de Keven Silva Moreira e Isaque Santos da Silva. Os dois foram sequestrados, torturados e mortos em 2021, de acordo com denúncia contra Meiquinho, Kila e outros integrantes da MK. No caso, as vítimas foram levadas para um local de armazenamento drogas e armas da facção, onde sofreram agressões, tortura e acabaram mortos a tiros. Os dois foram encontrados nas imediações da rotatória da Ford, próximo ao Parque das Palmeiras. >
"O crime foi praticado por motivo fútil, já que se concretizou pela subtração de uma bicicleta, fato praticado pelas vítimas, em região em que os acusados detinham o controle do tráfico de drogas, e com emprego de meio cruel, visto que os ofendidos foram capturados, levados a local ermo, torturados e posteriormente mortos”, apontou o inquérito policial que antecedeu a denúncia. >
Mesmo com todos os crimes, Meiquinho, Kila e Dom continuaram a promover ações violentas e espalhar o medo em bairros de Camaçari. Por isso, passaram a estar na prioridade das ações de autoridades de segurança na Bahia.>