‘Sentimos como se fosse com a gente’, diz presidente da AGT sobre morte de taxista

Denis Paim acompanhou a família de José Carlos Júnior ao IML

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  • Gil Santos

Publicado em 31 de maio de 2024 às 17:00

Dênia Paim, presidente da AGT Crédito: Marina Silva/ CORREIO

assassinato do taxista José Carlos dos Santos Júnior, 40 anos, repercutiu de imediato na categoria. Ele tinha cerca de dez anos na profissão, foi roubado há cerca de 15 dias e estava planejando deixar Salvador por conta da violência. Na quinta-feira (30), ele estava com um passageiro, no bairro da Cidade Nova, quando foi baleado. Morreu antes de receber os primeiros socorros. O presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), Dênis Paim, disse que o caso é revoltante.

“A nossa sensação é de incapacidade. Quando uma coisa assim acontece a gente sente como se fosse com a gente, porque essa é a nossa rotina. Estamos nas ruas todos os dias pegando passageiros que a gente não sabe quem são, se estão armados ou qual a intenção. São cinco taxistas assaltados por dia na cidade. E não tem mais isso de ser bairro perigoso, toda a cidade está entregue”, desabafou. Os números são da AGT, mas não há dados oficiais fornecidos pela polícia sobre o número de taxistas assaltados na capital baiana diariamente.

Segundo levantamento da AGT, 217 taxistas foram assaltados em Salvador nesses cinco primeiros meses. São 16 carros roubados e apenas três recuperados pela polícia. Salvador tem 7.296 taxistas em atividade.

Diante dos números, Dênis cobra uma delegacia ou núcleo especializado no atendimento da categoria e pede que as blitzes abordem os profissionais sempre que estiverem com passageiro. Ele cobra, ainda, ações mais efetivas da justiça para impedir que assaltantes sejam postos rapidamente em liberdade.

Sobre a morte de José Carlos, o presidente da AGT explicou que ainda não sabe onde o trabalhador aceitou a corrida, mas que o destino era a Cidade Nova, e que havia um motociclista seguindo o táxi. O ataque ocorreu na região do Forno, uma comunidade que fica próxima ao final de linha do bairro.

“Há 15 dias, ele foi pego de refém. A gente não sabe onde ele pegou os bandidos, mas os meliantes saltaram no Comércio. Ele estava decido a sair da profissão, disse que ia juntar um dinheirinho e que iria embora. Estava insatisfeito. Quer dizer, o trabalhador tem que deixar o espaço para os marginais, e como nós vamos viver?”, questionou.

Emocionados e assustados, os familiares de José Carlos que estiveram no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, nos Barris, pediram para não serem identificados, mas contaram que ele era um homem bem-humorado e que nos últimos dias vinha falando com frequência em mudar para Elísio Medrado, município que fica no Norte da Bahia, onde ele tem familiares e onde o corpo será sepultado. O taxista deixou esposa e um filho de 12 anos.

O passageiro que estava no táxi no momento do ataque também foi atingido. Ele conseguiu abrir a porta e sair do carro quando ouviu os disparos, mas caiu alguns metros adiante e morreu no local. Ele ainda não foi identificado. A polícia está apurando se ele era o alvo dos bandidos.

O caso está sendo investigado pela Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).