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Sem café e soja no lugar da carne: o que os baianos fazem para fugir dos alimentos caros

Veja os produtos que mais subiram de preço em março

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 1 de abril de 2025 às 05:00

Supermercado
Veja as estratégias para economizar Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo

Há um tempo, Dina Ramos Nascimento, 70, tinha um hábito peculiar: não dormia antes de um café - descafeinado - quentinho. Os preços subiram, e o que era comum virou luxo. Café, agora, só pela manhã, e olhe lá. "Comprava três pacotes de vez", diz saudosa. O item acumula alta de 7,07% na Região Metropolitana de Salvador. Para driblar a inflação, vale pesquisar em três supermercados diferentes até trocar a carne pela soja. 

A aposentada fazia compras na Calçada na manhã de segunda-feira (31). Poucos itens estavam dentro do carrinho quando ela conversava com a reportagem, mas Dina Ramos explicou que faz tempo que ele não fica cheio. "Nunca mais fiz compra para o mês. Só faço de pouquinho, e pesquisando muito", justifica.

A gratuidade do transporte favorece a via crucis. Dina vai em três mercados para encontrar os preços mais em conta. Ela não é a única. Mari Santos, dona de casa, confirma que essa é a melhor forma para economizar. "Compro algumas coisas em um mercado e logo vou para outro. Aqui, por exemplo, a margarina está barata, vou levar logo duas", disse apontando para a embalagem de 550 gramas, que custou R$ 4,68. 

A inflação acumulada nos últimos 12 meses na Região Metropolitana de Salvador é de 5,43% - a quarta mais alta do Brasil. Quem puxa o índice para cima são os alimentos, especialmente. A prévia para março (IPCA- 15) é de aumento de 26,87% para o ovo de galinha, 7,07% para o café moído e 3,62% no gás de botijão. 

Os números, do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), reforçam o que as pessoas sentem entre uma prateleira e outra. "Tá puxado demais", resume Dina Ramos Nascimento. Em um supermercado de Salvador, o preço da placa com 30 ovos custa entre R$ 25,89 e R$ 35,90. "Quando compro ovo e chego na rua onde moro, coloco até no pescoço para todo mundo ver. Agora é luxo, né", brinca. 

Carne vermelha e frango também entram cada vez menos nos carrinhos. A saída encontrada pela aposentada Teresa Souza, 64, foi aumentar o consumo de soja em casa. "É uma opção mais barata que alimenta", justifica. Na contramão dos preços nas alturas, o leite longa vida (- 7,74%) e o corte chão de dentro (- 2,72%) lideram a redução de preços em março. 

Com o orçamento cada vez mais pressionado, não é raro ver os clientes abrindo mãos de produtos na boca dos caixas de supermercado. "Os clientes se assustam com o valor da conta e vão desistindo de comprar. A gente percebe também os carrinhos cada vez mais vazios", admite a funcionária de um supermercado. Em fevereiro, a cesta básica em Salvador custou, em média, R$ 628,80

Por que tão caro? 

Diversos fatores explicam a inflação dos itens básicos. "O calor intenso no início do ano aumentou a produtividade dos ovos, assim como a valorização do milho, utilizado na ração dos animais", pontua Mariana Viveiro, supervisora de disseminação de informações do IBGE. Ela avalia que o aumento da demanda durante a Semana Santa deve manter os preços altos. 

O calor intenso também contribui para o aumento do preço do café. O verão de 2024/2025 foi o sexto mais quente no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

Para tentar reduzir os preços dos alimentos, o Governo Federal colocou em prática o imposto zero para importação de alimentos como carne, açúcar, milho e café. Especialistas ainda têm dúvidas sobre o impacto da medida para os consumidores, já que os itens são importados em pouca quantidade pelo Brasil. 

"A isenção para o milho ajuda bastante porque vai baratear as rações dos animais e, assim, reduzir o preço dos ovos. No caso do café e do açúcar, o impacto não será tão significativo pois o Brasil é grande produtor", avalia o economista Edval Landulfo.