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Wendel de Novais
Publicado em 29 de agosto de 2023 às 05:00
Antes mesmo da chacina do Núcleo Colonial JK, em Mata de São João, que deixou nove pessoas mortas na madrugada de segunda-feira (28), Salvador e região metropolitana já tinham registrado 32 chacinas em 2023, de acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado. Há, inclusive, um crescimento nas ocorrências. Isso porque, das 32 chacinas, 11 aconteceram em julho e agosto, concentrando 34% de todos os casos em apenas dois meses.
Os últimos 58 dias concentram também boa parte do número de mortes. Até o final de junho, 73 pessoas foram mortas nesse tipo de crime, como apontou o relatório semestral do Fogo Cruzado. Agora, esse número já chegou a 119, depois de 46 pessoas serem mortas no bimestre. São dados da capital e da região metropolitana que assustam tanto quanto o crescimento da violência em Mata de São João.
Ao longo de 2023, o município já tem 40 tiroteios mapeados, sendo que, nesses registros, 33 pessoas foram mortas e 7 ficaram feridas. Números que colocaram Mata de São João como a terceira cidade mais violenta da RMS no primeiro semestre do ano, superando municípios maiores como Lauro de Freitas e Simões Filho e ficando atrás apenas de Salvador e Camaçari.
Casos violentos no Núcleo Colonial JK, no entanto, não são comuns. De acordo com um morador, que preferiu não dizer o nome, a zona rural da cidade, onde ocorreu a chacina, é bem mais tranquila. "A gente ouve falar do povo sendo morto lá no centro mesmo. Aqui, normalmente, não. Tanto que os vizinhos todos se assustaram com o caso. Ninguém nunca viu essa quantidade de polícia aqui", comenta.
A chacina desta segunda teria ocorrido por conta de um ataque que tinha como alvo um homem identificado apenas como 'Preá'. Ele seria integrante da facção criminosa Tropa, inimiga do Bonde do Maluco (BDM), que tem atuação na área e teria ordenado a execução dele e da família. Segundo moradores, tanto Preá, como seus familiares, eram moradores recentes da região. Ele, inclusive, teria aberto um bar a poucos metros de casa.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) destaca que, no primeiro semestre de 2023, comparando com o mesmo período de 2022, as mortes violentas apresentaram redução de 4,5% na Bahia. Na Região Metropolitana de Salvador (RMS), os assassinatos diminuíram 3,9% no mesmo período.
A SSP acrescenta ainda que ações das forças de segurança prenderam em 2023 pouco mais de 10 mil pessoas envolvidas em crimes, uma média de 50 por dia. Aproximadamente três mil armas de fogo, cerca de 14 por dia, foram apreendidas, entre elas 37 fuzis, número superior a todo o ano de 2022.