Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

Salvador e Região Metropolitana registraram cinco tiroteios e três mortes por dia em 2023

Instituto Fogo Cruzado mapeou 1.804 tiroteios e 1.413 pessoas mortas no ano passado

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 05:00

Família de Gabriel, uma das vítimas de tiroteios, faz protesto em Lauro de Freitas Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Gabriel Silva da Conceição Júnior, 10 anos, descansava na frente de casa no bairro de Portão, em Lauro de Freitas, quando um tiro o atingiu em julho do ano passado. Ele foi socorrido ao Hospital Geral Menandro de Faria, mas não resistiu. O menino é uma das 1.413 pessoas mortas em tiroteios em Salvador e Região Metropolitana (RMS) em todo o ano de 2023, de acordo com o relatório anual do Fogo Cruzado, lançado nesta segunda-feira (29). No mesmo período, foram registrados 1.804 tiroteios, o que resulta em uma média de cinco trocas de tiros e três mortes por dia.

No caso de Gabriel, a família acusou policiais militares de serem autores do disparo que atingiu o pequeno. "Pela inocência dele, na hora que ouviu os tiros, ao invés de se abaixar, ele se levantou com o susto. Como vinham atirando, uma das balas pegou no pescoço do meu neto, todos ficaram desesperados para socorrer ele que correu para os braços da mãe chorando", disse Selma Santana, 51, que é avó do menino. 

Advogado da família, Frederico Loureiro afirma que o fato da bala que atingiu Gabriel não ter sido encontrada atrapalha a elucidação do caso. “A grande dificuldade está na identificação do autor do disparo, em razão da não recuperação do projetil que atingiu o menino. Por ter transfixado o corpo e a perícia do local do fato somente ter sido realizada quase dois dias depois do ocorrido, não se logrou êxito na recuperação”, fala.

A defesa da família alega ainda que há inconsistências nas declarações do PMs envolvidos no caso e provas colhidas. No entanto, quando procurada para informar se alguém foi denunciado pela morte do jovem, a Polícia Civil informou que inquérito policial foi concluído e encaminhado ao Ministério Público em 15/12/2023. O MP também foi procurado para informar se policiais militares foram denunciados no caso, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.

Para além de crianças, a violência armada atingiu também os idosos, como a líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, executada a tiros em agosto de 2023 dentro da própria casa, assim como outras 55 pessoas no período. Mãe Bernadete é um exemplo de casos que cresceram no último semestre. Isso porque Salvador e RMS saíram de 792 disparos/tiroteios para 1.012, registrando um aumento de 27% de um semestre para o outro.

Cecília Olliveira, diretora executiva do Fogo Cruzado, aponta que o crescimento nos índices são uma tendência em relação a violência armada em Salvador e RMS. “Os dados mostram que o primeiro semestre de 2023 foi mais violento que o segundo semestre de 2022. E o segundo semestre de 2023 foi mais violento que os dois anteriores. Então, dá para dizer que os indicadores evidenciam o agravamento da violência armada”, indica.

“Se olharmos desde o início do mapeamento de dados na RMS, em julho de 22, vemos uma piora semestre a semestre em indicadores relevantes como, tiroteios, ações policiais com disparos de arma de fogo, número de pessoas baleadas, chacinas policiais, crianças e adolescentes baleados, mulheres baleadas em casa, entre outros. Está pior a cada dia”, continua a diretora.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) foi procurada para comentar os números e informar políticas que implanta para reduzir, principalmente, os dados de tiroteios e mortes registrados em 2023. No entanto, a pasta não respondeu até o fechamento desta matéria.