Salvador é a terceira capital do país em valorização imobiliária em 2024

Ao longo do ano, os imóveis de Salvador registraram uma valorização de 14,83% nos preços de venda. A variação foi a terceira maior entre as capitais do país, de modo que apenas Curitiba (16,72%) e João Pessoa (15,15%) tiveram um aumento maior no preço de venda dos empreendimentos. As informações são do Índice FipeZAP, que analisa mensalmente a dinâmica de preços em 25 cidades selecionadas – entre elas, 11 capitais. Os dados correspondem aos meses de janeiro a novembro.

A maior valorização, em Salvador, se deu entre os imóveis residenciais. No comparativo de janeiro a setembro, os imóveis residenciais tiveram uma alta de 12,3% contra 5,07% dos comerciais. Isso significa dizer que, se alguém comprou um imóvel residencial na capital baiana no início do ano, viu o bem ser mais bem valorizado do que um empreendimento comercial.

Para Roberta Lima, economista e gestora de crédito na MRV no Nordeste, múltiplos fatores explicam a valorização imobiliária da cidade, mas dois se destacam. O primeiro deles é o crescimento populacional. “Estima-se, segundo o IBGE, que Salvador tenha tido um crescimento populacional de 6,25% no período de 2022 a 2024, o que é superior à média nacional de 4,70% no mesmo período”, afirma.

“Parte desse crescimento se deu por mobilidade, pois não houve aumento da taxa de natalidade no mesmo período. Logo, estamos falando de pessoas economicamente ativas que passaram a ter residência em Salvador. Somado ao aspecto demográfico, está a tradição turística da cidade e a ampliação de plataformas de imóveis de aluguel, que trouxe uma maior demanda por imóveis na capital”, acrescenta.

José Roberto Oliveira, que é o 2º vice-presidente e diretor de Patrimônio do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado da Bahia (Creci-BA), vê a valorização como consequência direta da baixa oferta. “Há dois ou três anos, o mercado não estava bom, então as empresas não lançavam imóveis fora do padrão. Isso fez com que, hoje, as ofertas de imóveis prontos estejam em baixa. É por isso que os preços estão subindo”, aponta.

A valorização também se estende ao estado. Segundo Cláudio Cunha, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), o mercado imobiliário baiano vive o melhor momento dos últimos anos e isso tem sido atestado por analistas, que apontam que o estado está alcançando patamares somente vistos em 2021.

“A Bahia chega ao final de 2024 como líder em lançamento e vendas imobiliárias no Nordeste. Mais do superar outros estados, superou suas próprias expectativas: registrou um crescimento impressionante de 197% em lançamentos comparado a 2023 e alcançou um aumento de 4% no Valor Geral de Vendas (VGV) em relação ao mesmo período do ano anterior”, escreveu Cláudio em coluna publicada no Correio na última sexta-feira (6).

O momento atual do mercado imobiliário é considerado favorável, mas a possibilidade de aumento das taxas de juros já preocupa, uma vez que pode fazer com que a demanda por imóveis diminua. “Os juros altos influenciam diretamente nas prestações do financiamento e ainda influenciam no aumento do preço do material de construção. Isso, por sua vez, faz com que as empresas aumentem o valor para os clientes”, esclarece José Alberto de Oliveira.

Erotildes Silva, que é corretor de imóveis e conselheiro da Creci-BA, acredita que a abertura de novos bairros para o recebimento de lançamentos tem estimulado uma demanda que não deve recuar tão facilmente. “A Orla de Salvador está sendo bem explorada e ainda há a valorização de bairros que têm demanda por empreendimento e segurança. São bairros como a Barra, o Corredor da Vitória e Stella Maris, onde estão surgindo novos lançamentos que estão ocasionando maior procura”, finaliza.