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Salvador lidera em número de mortes violentas de pessoas LGBTQIA+

Levantamento entre as capitais, mostrou que Salvador registrou 14 mortes violentas de integrantes da sigla em 2024

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 10:12

Bandeira LGBTQIA+
Bandeira LGBTQIA+ Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Conhecida como capital da diversidade musical, das cores e da coexistência de culturas, Salvador não reflete a alegria e a abertura à ecleticidade quando o assunto é a segurança de pessoas LGBTs. Em 2024, a cidade carregou o peso de ser a campeã em mortes queers. De acordo com o Observatório de Mortes Violentas de LGBT+ no Brasil, levantamento feito anualmente há 45 anos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), a capital baiana registrou 14 mortes violentas de integrantes da sigla.

Segundo o GGB, chama atenção o fato de que o número de homicídios contra a comunidade queer em Salvador, que tem 2,4 milhões de habitantes – segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – é muito grande comparado a São Paulo, que registrou 13 óbitos do tipo tendo quase 12 milhões de habitantes.

Segundo Luiz Mott, antropólogo, fundador do GGB e criador do levantamento, Salvador atualmente lidera esse ranking entre as capitais pela falta de cuidado e atenção do Poder Público em garantir a segurança dos LGBTs. "Os bares, boates e saunas, seja no Centro, na Barra ou no Rio Vermelho, deveriam ter sempre um aparato policial nas proximidades, porque há vítimas fáceis ali", aponta.

Por sua vez, Horácio Hastenreiter, professor e coordenador de uma das turmas de Mestrado em Segurança Pública, Justiça e Cidadania da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (Ufba), acredita que os crimes contra a vida de LGBTs na capital baiana refletem a cultura da violência presente na sociedade brasileira.

"Aqui, a gente tende a resolver os problemas conflituosos na base do homicídio, e isso se reflete também na comunidade LGBT. Isso vale para brigas de trânsito, desavenças políticas, desentendimento entre facções e preconceito contra minorias", pontua.

Por conta dos episódios de violência que sofreu, o publicitário Roberto Júnior, 31 anos, diz que não se sente confortável para ser ele mesmo – um homem bissexual – em variados espaços da cidade. "Em ônibus, por exemplo, não consigo ficar de mão dada. No centro da cidade e em alguns lugares pouco movimentados, não me sinto à vontade e tenho medo de violências", relata.

Para Luiz Mott, esse cenário de LGBTfobia na cidade – e também no restante do país – pode ser erradicado através de educação nas escolas sobre a necessidade de respeito à comunidade queer, através do fortalecimento da Justiça para combater os crimes e punir os agressores, e por meio de denúncia.

No âmbito municipal, a Secretaria da Reparação (Semur) disse que atua com o Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno, que funciona no Rio Vermelho, prestando atendimento e assistência aos integrantes da sigla.

Além disso, no Carnaval, a Semur conta com o Observatório de Discriminação Racial, LGBT e Violência Contra Mulher – um programa que mapeia e registra as ocorrências de violência contra esses grupos. A totalização dos dados lançados no sistema do programa acusou, na edição passada, 4.635 registros de ocorrências.