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Raquel Brito
Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 22:00
Salvador é uma cidade feminina. Foi com essa ideia que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na manhã desta sexta-feira (22), os dados de faixa etária do Censo 2022, na Casa do Olodum, localizada no Pelourinho. Isso porque, a cada cem mulheres, a cidade tem 83 homens, a menor taxa de todo o estado.
Essa taxa é a chamada razão de sexo, que significa a quantidade de homens a cada cem mulheres. Se esse número for maior que cem, há uma quantidade maior de homens. Se for menor, há mais mulheres. Assim, Salvador é a cidade baiana com a maior proporção de mulheres, além de ser proporcionalmente a capital mais feminina do Brasil, com 54,4% de moradoras.
O Censo apontou também que as mulheres são maioria na população baiana em geral, sendo 52,7% dos habitantes. No estado como um todo, a razão de sexo é de 94 homens a cada cem mulheres. Esse padrão segue em todos os grupos étnico-raciais do estado.
Entre as pessoas amarelas, essa predominância atingia seu ponto máximo: a população feminina representa 56,9% do total, com 76 homens para cada cem mulheres. A segunda maior proporção de população feminina é vista entre as pessoas brancas (52,4%) e há 91 homens para cada cem mulheres nesse grupo.
Em seguida, está a população parda, 51,7% feminina, que apresenta uma razão de sexo de 93 homens para cada cem mulheres. A população indígena não fica muito atrás: 51,4% é do gênero feminino, e a razão de sexo é de 95/100. Já a população preta tem a menor proporção de mulheres, 50,8%, e, portanto, a maior razão de sexo, com 97 homens para cada cem mulheres.
Sandra Coelho, de 54 anos, está nesse número. Mestranda em pedagogia, a moradora do Pelourinho reconhece desde cedo o peso de ser uma mulher negra em Salvador.
“Nós, mulheres negras, estamos sempre fazendo luta para sobreviver, morar e trabalhar, pois não estamos incluídas no planejamento social da cidade. É estar em busca de justiça social o tempo todo. Pense que nós votamos, pagamos impostos altos e quando se fala em nos incluir, nenhum governo, nem de direita e nem de esquerda nos possibilita de dignidade. Mas estamos firmes e fortes”, diz.
De acordo com a deputada estadual Olívia Santana, que acompanhou a apresentação dos dados, as informações do Censo reafirmam ainda mais a natureza, a estética e o perfil de Salvador, da Bahia e do Brasil. “A presença negra é majoritária nessas populações, então nós precisamos transformar esses dados em alicerces de políticas públicas sociais, econômicas e de empoderamento político de mulheres negras para que a gente possa avançar numa agenda de promoção da igualdade. Não dá para ficar fazendo discursos descolados da prática”, diz.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.