Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Elaine Sanoli
Publicado em 22 de setembro de 2024 às 16:02
De cadarços amarrados, alongamentos feitos, os corredores da 42 km da Maratona Salvador saíram de suas casas antes mesmo do sol raiar. A partir das 5h da manhã deste domingo (22), o Parque dos Ventos, na Boca do Rio, recebeu os competidores para as categorias Elite, para 42 e 21 km, Geral e Pessoa com Deficiência (PCD), nos percursos de 42 e 21 km, 10 e 5 km.
Marily dos Santos e Justino Pedro da Silva levaram o pódio principal da maratona de elite.
Com mais de 20 anos de carreira no atletismo e prêmios em diferentes países, Justino participou pela terceira vez da Maratona Salvador. “É uma prova sofrida, mas a gente tem que se desafiar. Ano que vem, se Deus quiser, eu vou voltar para Salvador e, quem sabe, abaixar esse tempo que fiz hoje”, comentou o atleta, que fez a prova dos 42 km em 2h24min07s.
Aos 17 anos, o pernambucano de Petrolina começou a correr na escola. O que era só um jogo escolar, virou um bicampeonato da Maratona do Rio, um pódio na Pan-Americana de Caracas (Venezuela), além de corridas na Colômbia, na Espanha (Sevilha) e na Alemanha (Frankfurt).
Extrapolar a barreiras nacionais é caraterística de todos os vencedores da categoria. Marily, vencedora do feminino, já chegou a representar o Brasil nos jogos de Pequim, em 2008, além de ter participado das Olimpíadas do Rio, em 2016. Pela quarta vez, ela chegou ao primeiro lugar na categoria mais extensa da Maratona de Salvador, com 2h54min05s.
O começo, no entanto, foi lento. “Maratona tem que começar quando a gente está madura. Fiz várias meias maratonas para poder me colocar numa maratona. Na minha primeira, a de São Paulo, fui a quinta [colocada] no geral”, rememorou. Nesses 27 anos de trajetória no esporte, além da preparação física, Marily conta com uma fé extra: “Ontem mesmo eu comprei um buquê de flor e levei para minha santinha lá de Ondina, me ajoelhei lá, meio-dia em ponto, e fiz uma oração para minha santa, Nossa Senhora de Ondina”.
A dona de casa Carla Guimarães começou a correr há cerca de 20 anos. Quando a filha era apenas um bebê, ela a deixava com o pai e voltava correndo na hora da amamentação, tudo para não parar de praticar o esporte. Hoje, aos 55, colhe os frutos do empenho durante as duas décadas de dedicação. “A gente tem que ter força, para servir de exemplo para a nova geração. É na corrida onde podemos afirmar que o esporte faz parte da saúde”, declarou, com o troféu em mãos.
Acordar cedinho para correr a maratona não foi um desafio para a mulher que se acostumou a levantar antes das quatro da manhã para conciliar a rotina com os treinos para maratonas. “Eu treino todos os dias. Tenho uma planilha onde cada dia é um treino. Tem o ‘longão’, o treino de velocidade e ritmado, e isso faz com que a gente venha para a competição preparado”, explicou.
André da Silva, de 32 anos, também levou a melhor na categoria geral. Mas assim como Carla, precisa conciliar diariamente a corrida com outra ocupação. “Por conta do trabalho eu acordo às 4h da manhã todos os dias e quando chego a tarde vou treinar, não é fácil treinar para maratona, mas continuo de cabeça erguida”, refletiu o operador de máquinas.
Givaldo Augusto dos Santos, de 46 anos, participou da Maratona Salvador pelo terceiro ano consecutivo. “A minha primeira corrida foi por incentivo de outros amigos que já corriam e disseram ‘Vai lá, participa, é bom demais’ e eu comecei por estímulo deles, dos meus amigos cadeirantes”, relembrou o topo do pódio dos 42 km para Pessoas com Deficiência (PCD).
Embora tenha corrido apenas este ano os 42 km, nos anos anteriores Givaldo também se consagrou campeão com a meia maratona. “A gente vem de uma preparação de treino de rua, com a academia, uma bola de alimentação, e não pode faltar uma boa noite de sono. O foco era realmente subir ao pódio”.