Saiba quem era João Vitor, jovem de 17 anos morto no bairro do Uruguai

Vítima de latrocínio tinha o sonho de ser policial das Forças Armadas e tinha começado a trabalhar há cerca de um mês

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  • Larissa Almeida

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 05:00

Amigos e familiares fizeram camisa em homenagem a João Vitor Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

O jovem João Vitor Santos Silva, 17 anos, que foi morto no bairro do Uruguai, em Salvador, após ser vítima de uma tentativa de assalto na porta de casa, na última segunda-feira (14), era definido por todos como um menino tranquilo, trabalhador e alegre. Há pouco menos de um mês, ele havia começado no primeiro emprego com o intuito de obter independência financeira e nutria, junto com amigos do Colégio da Polícia Militar Luiz Tarquínio – onde estudava –, o sonho de se tornar policial das Forças Armadas.

O sonho da carreira, inclusive, foi o mais duradouro que ele já teve. Isso porque, ao longo da vida, muitas foram as profissões já cogitadas, conforme conta o pai Roberto Teixeira da Silva. “No momento, ele queria ser das Forças Armadas, mas já quis ser jogador de futebol, gamer e jogador de basquete. Ele era maravilhoso, amado, querido, doce, prestativo. Era fora de série. Dormia comigo desde pequeno na cama, até essa idade. Agora, não vai dormir mais”, lamentou.

Na escola, João Vitor era um aluno aplicado e considerado excelente pelos próprios professores – que não quiseram dar entrevista, mas fizeram questão de ressaltar o desempenho acima da média que o jovem tinha. Já no último ano do Ensino Médio, era ao lado de Ananda Silva e mais outras duas amigas que ele vivia alguns dos melhores momentos do dia, sendo considerado, carinhosamente, o ‘pontinho azul’ do grupo.

“Ele gostava de basquete, jogar bola e trap. Nos víamos no corredor e ele sempre foi muito brincalhão, sabia se entrosar com as pessoas e foi assim que surgiu nossa amizade. [...] Ele era o melhor amigo. Sempre estava comigo para tudo e me escutava”, afirmou, sem conter as lágrimas.

Quem também tinha boas memórias e histórias com João Vitor era Renato Dantas, 15 anos. Amigos há pouco mais de um ano, os dois fizeram um acerto de comprar roupas combinando de tanto que se identificavam. “Ele falou para usarmos a roupa de uma marca que gostava. Eu falei que não tinha, mas iria comprar para usar com ele. Só que eu não consegui comprar, porque não deu tempo”, disse, aos prantos. “Ele era um cara que se alguém falasse para ir ali, ele iria. Não tinha ruindade no coração. Era uma pessoa pura, não fazia nada de errado e sempre gostou de tudo dele certo. Falava que me amava, era um irmão”, completou.

A rotina de João Vitor incluía a ida à escola, ao trabalho, à casa do pai – com quem vivia – e à casa da mãe, a quem ajudava todos os dias a montar o seu ponto de vendas. Segundo vizinhas, que viram o jovem crescer no bairro, a conduta dele com os pais era exemplar. “A mãe dele tem uma barraca de lanches no ponto de ônibus e ele ajudava muito a mãe. Ele pegava o material e ia até lá todos os dias, às vezes até ajudava no acarajé. Era um menino de ouro”, destacou Fátima Sousa, vizinha do pai de João Vitor.

Na tarde dessa terça-feira (15), o jovem foi sepultado no Cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas. Na ocasião, amigos e familiares fizeram homenagens e pediram por justiça.