Saiba quando gripe e virose podem evoluir para uma pneumonia

A cantora Ivete Sangalo foi internada na última quinta-feira (22) após contrair a doença

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 17:52

Pneumonia pode ser grave
Pneumonia pode ser grave Crédito: Divulgação

Sintomas como tosse, coriza e dor de cabeça são comuns em casos de virose, principalmente depois do Carnaval. Apesar de gerar até memes e receber o nome da música mais tocada da folia baiana, o assunto é sério e pode levar o paciente a quadros graves se os cuidados não forem tomados.

A presença prolongada dos sintomas gripais, como as dificuldades respiratórias, podem indicar um quadro de pneumonia. Na última quinta-feira (23), a cantora Ivete Sangalo foi internada em Salvador após o diagnóstico da doença. Ela contou nas redes sociais que acreditava estar com uma virose, mas que devido à persistência dos sintomas foi até o hospital e descobriu que se tratava de algo mais grave que uma simples virose.

O pneumologista Álvaro Cruz explica que a confusão entre as doenças é mais comum do que se imagina, já que os isntomas são parecidos, mas que alguns pontos como duração do desconforto precisam ser observados.

“Os limites dessas doenças não são claros. Podendo haver uma evolução entre elas a partir do próprio vírus ou uma complicação por conta de uma bactéria. Nem sempre as pessoas percebem essa transição e quando há sintomas, o ideal é procurar o atendimento e fazer os exames para identificar o problema”, afirmou.

Para se prevenir da pneumonia, Álvaro destaca a importância de manter os cuidados com a saúde e evitar fragilizar o sistema imunológico. “Dormir bem, evitar fumar, não ingerir bebida alcoólica em excesso, não se expor à poluição, manter uma boa hidratação e atividade física. O mais importante é cuidar bem da saúde”.

Segundo o especialista, os principais sintomas de pneumonia são tosse constante, febre alta, dificuldade para respirar, dor no peito e nas costas, além de baixa oxigenação.

O tratamento, segundo explica a pneumologista Larissa Voss, é feito através de antibióticos, e em muitos casos pode ser feito sem internar o paciente. “Não é comum haver complicação de pneumonia, mas, se a doença não for diagnosticada com rapidez, ela pode evoluir para quadros mais graves. A evolução do paciente geralmente é favorável, sem nenhum tipo de sequelas, mesmo naqueles que ficam internados”, afirmou.

“Nos pacientes idosos, o sistema imunológico é mais envelhecido e já não funciona de forma tão adequada quanto os mais jovens. Além disso, pessoas idosas podem ter outras doenças como diabetes, asma e enfisema, por exemplo, que aumentam o risco de eles terem a forma mais grave da doença”, completou Larissa.

A médica reforça que, em caso de sintomas, é importante procurar atendimento médico e evitar a automedicação. “É importante entender que a tosse é sempre um sintoma de algo errado. Não adianta ficar se entupindo de xarope. A automedicação pode postergar quadros de pneumonia e levar o paciente a ter quadros mais graves”, finalizou.

Alerta para o ano todo

Até o momento, a pneumonia vitimou 270 pessoas na Bahia em 2024. O público mais atingido foi o de idosos com 80 anos ou mais, com 128 mortes, representando 47,4% do total. Em 2023 foram 32.781 internações pela doença, com 3.899. Pacientes com idade a partir de 80 anos representaram 17,1% das internações e 50,1% das mortes.

Apesar da 'avalanche' de pessoas com virose ser comum após grandes festas, o alerta serve para o ano inteiro. No dia 02 de outubro, a técnica administrativa Tamiles Bispo, 30, estava voltando do trabalho quando começou a sentir dificuldade para respirar. A falta de ar persistiu quando ela chegou em casa e ela passou a sentir palpitações. “Eu acordei de madrugada para ir ao banheiro, mas eu acabei desmaiando e tive convulsões. Minha mãe me acordou e disse que eu fiquei muito tempo desacordada”, contou.

Ela foi acompanhada da mãe para Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde fez exames de imagens e foi liberada pelos médicos, que acreditavam se tratar de uma crise de ansiedade. “Voltando para casa, eu tentei subir umas escadas, mas não consegui e acabei desmaiando. Junto do desmaio, eu vomitei e tive convulsões. Minha mãe e meu namorado foram me carregando para que eu conseguisse chegar em casa”, disse.

Com a persistência dos sintomas, ela foi para um hospital de Cajazeiras, onde mora. No total, foram sete convulsões durante o dia, a última enquanto aguardava triagem no hospital. “Eu fui diagnosticada com pneumonia e fui para a unidade semi-intensiva, onde fiquei entubada, recebendo oxigênio. Mas as convulsões não pararam, eu fiz novos exames que identificaram uma trombo-embolia pulmonar”, explicou.

Tamiles fez tratamento com antibióticos e recebeu alta depois de 16 dias internada. Ainda não há informações sobre a causa da embolia. “Eu ainda estou tomando remédio anticoagulante. Ainda não há informações se a embolia é uma consequência da pandemia ou se há outra causa. Os médicos falaram que tem pessoas que não sobrevivem a primeira convulsão”, finalizou.

O estudante universitário Lucas Carlos, 24, contraiu a doença aos 16 anos. Os primeiros sintomas apareceram enquanto ele estava no colégio esperando o começo das aulas. “Por volta das 12h eu comecei a passar mal. As pessoas comentaram que eu estava pálido e eu voltei para casa. Eu fiquei uns três dias doente, muita febre, alucinações antes de ir dormir e suando bastante”, afirmou.

Com a persistência dos sintomas, ele procurou uma UPA. Inicialmente, o médico acreditava ser uma gripe, mas pediu exames de raio-x ao ver o estado de Lucas. “Quando saiu o resultado, ele falou que era pneumonia em estado avançado. Havia o risco de sofrer um derrame pleural porque o a membrana do pulmão estava enchendo de líquido. Eu fiquei cerca de 10 dias em casa tomando antibiótico e me recuperando da doença”, contou.

Hoje, segundo Larissa Voss, existem duas vacinas para a prevenção de formas mais graves de pneumonia: as vacinas pneumo 13, 15 e 23, que são recomendadas para crianças e idosos. Os imunizantes não são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), exceto em casos de comorbidades específicas

*Com supervisão da subeditora Fernanda Varela