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Gilberto Barbosa
Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 17:52
Sintomas como tosse, coriza e dor de cabeça são comuns em casos de virose, principalmente depois do Carnaval. Apesar de gerar até memes e receber o nome da música mais tocada da folia baiana, o assunto é sério e pode levar o paciente a quadros graves se os cuidados não forem tomados. >
A presença prolongada dos sintomas gripais, como as dificuldades respiratórias, podem indicar um quadro de pneumonia. Na última quinta-feira (23), a cantora Ivete Sangalo foi internada em Salvador após o diagnóstico da doença. Ela contou nas redes sociais que acreditava estar com uma virose, mas que devido à persistência dos sintomas foi até o hospital e descobriu que se tratava de algo mais grave que uma simples virose.>
O pneumologista Álvaro Cruz explica que a confusão entre as doenças é mais comum do que se imagina, já que os isntomas são parecidos, mas que alguns pontos como duração do desconforto precisam ser observados. >
“Os limites dessas doenças não são claros. Podendo haver uma evolução entre elas a partir do próprio vírus ou uma complicação por conta de uma bactéria. Nem sempre as pessoas percebem essa transição e quando há sintomas, o ideal é procurar o atendimento e fazer os exames para identificar o problema”, afirmou. >
Para se prevenir da pneumonia, Álvaro destaca a importância de manter os cuidados com a saúde e evitar fragilizar o sistema imunológico. “Dormir bem, evitar fumar, não ingerir bebida alcoólica em excesso, não se expor à poluição, manter uma boa hidratação e atividade física. O mais importante é cuidar bem da saúde”. >
Segundo o especialista, os principais sintomas de pneumonia são tosse constante, febre alta, dificuldade para respirar, dor no peito e nas costas, além de baixa oxigenação. >
O tratamento, segundo explica a pneumologista Larissa Voss, é feito através de antibióticos, e em muitos casos pode ser feito sem internar o paciente. “Não é comum haver complicação de pneumonia, mas, se a doença não for diagnosticada com rapidez, ela pode evoluir para quadros mais graves. A evolução do paciente geralmente é favorável, sem nenhum tipo de sequelas, mesmo naqueles que ficam internados”, afirmou. >
“Nos pacientes idosos, o sistema imunológico é mais envelhecido e já não funciona de forma tão adequada quanto os mais jovens. Além disso, pessoas idosas podem ter outras doenças como diabetes, asma e enfisema, por exemplo, que aumentam o risco de eles terem a forma mais grave da doença”, completou Larissa.>
A médica reforça que, em caso de sintomas, é importante procurar atendimento médico e evitar a automedicação. “É importante entender que a tosse é sempre um sintoma de algo errado. Não adianta ficar se entupindo de xarope. A automedicação pode postergar quadros de pneumonia e levar o paciente a ter quadros mais graves”, finalizou.>
Alerta para o ano todo>
Até o momento, a pneumonia vitimou 270 pessoas na Bahia em 2024. O público mais atingido foi o de idosos com 80 anos ou mais, com 128 mortes, representando 47,4% do total. Em 2023 foram 32.781 internações pela doença, com 3.899. Pacientes com idade a partir de 80 anos representaram 17,1% das internações e 50,1% das mortes. >
Apesar da 'avalanche' de pessoas com virose ser comum após grandes festas, o alerta serve para o ano inteiro. No dia 02 de outubro, a técnica administrativa Tamiles Bispo, 30, estava voltando do trabalho quando começou a sentir dificuldade para respirar. A falta de ar persistiu quando ela chegou em casa e ela passou a sentir palpitações. “Eu acordei de madrugada para ir ao banheiro, mas eu acabei desmaiando e tive convulsões. Minha mãe me acordou e disse que eu fiquei muito tempo desacordada”, contou. >
Ela foi acompanhada da mãe para Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde fez exames de imagens e foi liberada pelos médicos, que acreditavam se tratar de uma crise de ansiedade. “Voltando para casa, eu tentei subir umas escadas, mas não consegui e acabei desmaiando. Junto do desmaio, eu vomitei e tive convulsões. Minha mãe e meu namorado foram me carregando para que eu conseguisse chegar em casa”, disse. >
Com a persistência dos sintomas, ela foi para um hospital de Cajazeiras, onde mora. No total, foram sete convulsões durante o dia, a última enquanto aguardava triagem no hospital. “Eu fui diagnosticada com pneumonia e fui para a unidade semi-intensiva, onde fiquei entubada, recebendo oxigênio. Mas as convulsões não pararam, eu fiz novos exames que identificaram uma trombo-embolia pulmonar”, explicou. >
Tamiles fez tratamento com antibióticos e recebeu alta depois de 16 dias internada. Ainda não há informações sobre a causa da embolia. “Eu ainda estou tomando remédio anticoagulante. Ainda não há informações se a embolia é uma consequência da pandemia ou se há outra causa. Os médicos falaram que tem pessoas que não sobrevivem a primeira convulsão”, finalizou. >
O estudante universitário Lucas Carlos, 24, contraiu a doença aos 16 anos. Os primeiros sintomas apareceram enquanto ele estava no colégio esperando o começo das aulas. “Por volta das 12h eu comecei a passar mal. As pessoas comentaram que eu estava pálido e eu voltei para casa. Eu fiquei uns três dias doente, muita febre, alucinações antes de ir dormir e suando bastante”, afirmou. >
Com a persistência dos sintomas, ele procurou uma UPA. Inicialmente, o médico acreditava ser uma gripe, mas pediu exames de raio-x ao ver o estado de Lucas. “Quando saiu o resultado, ele falou que era pneumonia em estado avançado. Havia o risco de sofrer um derrame pleural porque o a membrana do pulmão estava enchendo de líquido. Eu fiquei cerca de 10 dias em casa tomando antibiótico e me recuperando da doença”, contou. >
Hoje, segundo Larissa Voss, existem duas vacinas para a prevenção de formas mais graves de pneumonia: as vacinas pneumo 13, 15 e 23, que são recomendadas para crianças e idosos. Os imunizantes não são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), exceto em casos de comorbidades específicas>
*Com supervisão da subeditora Fernanda Varela>