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Larissa Almeida
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 06:00
As mesas na calçada, a arquitetura colorida e o clima bucólico dão ao Santo Antônio Além do Carmo a aura charmosa de uma cidade interiorana durante o dia, mas é à noite que o bairro é encarado como um local de respiro para a rotina urbana de Salvador. Quando as luzes são acesas nos lampiões espalhados pelas ruas e o som atrai o movimento de baianos e turistas nos finais de semana, fica claro que a boemia que, antigamente, era atribuída ao Rio Vermelho tem, atualmente, um novo dono. >
A consolidação do bairro como espaço boêmio é recente e controversa. Se por um lado é inegável que o crescimento de estabelecimentos comerciais impulsionou o local, também não dá para esquecer que, no meio de tanto agito, há também casas antigas cujos donos, em sua maioria, resistem à especulação imobiliária e à mudança de perfil do local. >
A memória do bairro seguro e familiar é tão forte para os residentes mais antigos que poucos se arriscam a explicar como o bairro se tornou o principal palco da boemia da cidade. Para o antigo morador Alessandro, que preferiu resguardar o sobrenome, tudo começou com salsa e forró. “Há 25 anos, existia o Alforria, que era um bar que tinha salsa e forró. Era o único bar que existia junto com o Travessas. Depois, veio a especulação imobiliária. Diziam que iam montar um shopping a céu aberto aqui. A más línguas diziam que a dona do Iguatemi tinha comprado a maioria das casas para fazer isso”, conta. >
Se a negociação era verdade ou não, até hoje ninguém sabe. O ponto é que o bairro ganhou restaurantes conceituados, bares agitados, hotéis, pousadas e espaços culturais, como o Museu do Mar Aleixo Belov. Também se tornou a morada de férias de famosos, como a apresentadora e atriz Regina Casé, e o ator Fabrício Boliveira – no ar como o protagonista de “Volta por Cima”, novela das sete da Rede Globo. >