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Yan Inácio
Publicado em 21 de março de 2025 às 06:00
Conhecido pela presença massiva de argentinos e franceses, o vilarejo de Morro de São Paulo, a cerca de 60 quilômetros de Salvador, tem presenciado um aumento expressivo de visitantes vindos de Israel nos últimos anos. Só para ter uma ideia, no verão de 2023-2024, o arquipélago banhado por águas cristalinas que tem por volta de 10 mil habitantes recebeu metade desse número só de israelenses. >
As motivações estão ligadas ao serviço militar obrigatório no país: são dois anos para as mulheres e três para os homens. Muitos jovens costumam juntar os salários como reservistas para realizar mochilões ao redor do globo e o Brasil é um dos principais destinos escolhidos.>
“Os israelenses gostam muito de viajar por orientação de quem já conheceu o lugar. Não dá para dizer exatamente quem, mas alguns militares que vieram aqui há anos atrás começaram a passar as informações da região”, explica o secretário de turismo Cláudio Brito, município que abrange o distrito de Morro de São Paulo.>
Além das belezas naturais e da infraestrutura turística, a adaptação do comércio local à demanda internacional, com restaurantes oferecendo cardápios em hebraico e pousadas com atendimento personalizado para israelenses, tem sido um fator determinante para a fidelização desse público.>
O lugar também se popularizou em Israel por ter sido cenário de gravação para uma série televisiva chamada Magic Malabi Express. Assim como a maioria dos visitantes de Morro, a história acompanha a vida de três israelenses que decidem passar alguns meses conhecendo o Brasil após o cumprimento do serviço militar.>
Outro ponto é o contraste com a geografia do pequeno país do Oriente Médio. “Morro de São Paulo é o destino mais procurado por eles, por conta das belezas naturais e a tranquilidade que emana no lugar, por ser o avesso de tudo que eles costumam ver e viver”, conta Jorge Pinto, diretor da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia (ABAV-BA).>
Paulo Huter, proprietário da casa noturna Teatro do Morro, trabalha há pelo menos nove anos com turistas israelenses. Além de ter uma parceria com a agência de viagens Muchiler, que oferece pacotes turísticos com a região como destino, ele também organiza festas rave exclusivamente para quem vem de lá.>
“Quando eles chegam aqui no começo do verão, costumam passar por Florianópolis, depois descem para Bahia, onde curtem o Carnaval em Salvador e encerram a temporada em Morro de São Paulo, Itacaré ou na Chapada Diamantina”, explica. O Muchiler também tem um grupo no WhatsApp, onde os turistas trocam informações sobre os lugares onde estão visitando.>
“Por estarem em guerra e serem a maioria do exército, eles têm algumas preferências. Por exemplo, se hospedam sempre nos mesmos lugares, vão sempre nos mesmos restaurantes e frequentam as mesmas festas”, diz Huter.>
*Com orientação da subeditora Monique Lôbo >