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Maysa Polcri
Publicado em 25 de junho de 2024 às 06:30
No topo da Colina Sagrada, a Basílica do Senhor do Bonfim se impõe como lugar de fé há 270 anos. Em 24 de junho de 1754, o templo foi aberto ao público e a imagem do Cristo crucificado instalada no topo do altar - onde permanece até hoje. A construção levou nove anos e foi fruto de uma promessa feita durante uma tempestade no mar. Confira abaixo curiosidades sobre uma das igrejas mais amadas do Brasil.
Templo é considerado um ex-voto
Símbolo de agradecimento a uma graça atendida. Esse é o significado de um ex-voto para os católicos. Eles podem ser de todo tipo: foto de alguém, diploma, bilhete e até ter o formato de partes do corpo. No século XVIII, no entanto, a inauguração da Igreja do Bonfim marcou a consagração do ex-voto de um rico português.
O capitão Theodósio Rodrigues de Faria prometeu que se sobrevivesse a uma tempestade no mar, ergueria um templo de devoção ao Senhor do Bonfim. Com a graça atendida, o português, que traficava pessoas escravizadas, angariou fundos para a construção do templo, que levou quase dez anos.
Em 1754, a Igreja recebeu as imagens de Jesus crucificado e de Nossa Senhora da Guia, e foi aberta oficialmente ao público. Por ter sido resultado de uma graça alcançada, a Basílica pode ser considerada um ex-voto.
Corpo sepultado dentro da igreja
O corpo de Theodósio Rodrigues de Faria, primeiro benfeitor da Igreja do Bonfim, foi sepultado dentro do templo religioso, em 1757. É possível ver sua lápide no corredor central que dá acesso ao altar. No teto da igreja, também na parte central, uma pintura retrata um grupo de marinheiros entregando aos anjos um quadro que representa o navio do capitão durante a tempestade.
Órgão ficou em silêncio por 70 anos
Além de pinturas e azulejos, a igreja abriga outra relíquia histórica. Trata-se de um órgão de 290 tubos de fabricação francesa do século XIX. O instrumento possui 4,3 metros de natura e 2,24 metros de largura. O órgão foi reinaugurado em 2017, após restauração. Antes disso, havia ficado 70 anos sem ser tocado. Ele foi doado à igreja em 1854 por Feliciana Maria de Britto Lopes Alves.
Sala de ex-votos
O templo religioso possui uma sala, ao lado direito do altar, onde são expostos alguns dos milhares de ex-votos recebidos pela igreja ao Senhor do Bonfim ao longo de décadas. Chama atenção a quantidade de objetos esculpidos no formato da partes do corpo que foram curadas.
Pés, pernas, mãos e cabeças, esculpidos em madeira ou prata podem ser vistos. Outros objetos curiosos também são guardados pela igreja, como uma moeda amassada por uma bala de revólver que resvalou no metal e salvou a vida de uma pessoa.
Procissão marcou a abertura para o público
A icônica imagem do Senhor Bom Jesus do Bonfim foi trazida para Salvador no domingo de Páscoa de 1745. Até que a Igreja do Bonfim fosse construída, ela ficou guardada na Igreja Nossa Senhora da Penha de França, na Ribeira. No dia 24 de junho de 1754, quando as obras internas foram finalizadas, a imagem foi transferida em uma festiva procissão. Além da estátua de Cristo crucificado, a imagem de Nossa Senhora da Guia também foi levada.
Fitinhas coloridas
Amarrar as fitinhas coloridas no gradil do templo é um hábito que ganhou o coração de baianos e turistas. Quem o faz, tem direito a pedir o que quiser ao Senhor do Bonfim. O suvenir era chamado de “medida” no passado por medir 47 centímetros. Essa é a medida exata do braço direito da estátua do Senhor do Bonfim.
Títulos
Em 1927, a igreja foi elevada à Basílica pelo Papa Pio XI. Foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (IPHAN) em 17 de junho de 1938. A festa do Senhor do Bonfim foi reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil, pelo IPHAN, em 15 de janeiro de 2014.