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R$ 10 para cada um: Briga que causou acidente em Madre de Deus foi motivada por dinheiro

Polícia ouviu dois sobreviventes da tragédia nesta segunda-feira (22)

  • L
  • Larissa Almeida

Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 21:33

null Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A polícia de Madre de Deus, cidade situada na Região Metropolitana de Salvador, ouviu dois sobreviventes do acidente com um barco que deixou a Ilha Maria Guarda rumo ao píer da cidade. Tratam-se da esposa do piloto do barco e do pai de Ryan Kevellyn de Souza Santos, que morreu enquanto tentava resgatar a tia, logo após salvar quatro pessoas. Segundo o delegado Marcos Laranjeira, da 17ª Delegacia Territorial (DT/Madre de Deus), os depoimentos dos dois indicaram que a briga motivou a tragédia.

“As duas testemunhas relataram, que quando chegaram no raio de 200 metros do porto de Maria da Guarda, houve uma via de fato [briga] entre dois passageiros. Segundo eles, uma parte dos passageiros foi para uma lateral e desestabilizou o barco, que emborcou”, contou o delegado Marcos Laranjeira.

A versão apresentada pelas testemunhas reforça o que já havia sido dito pelo capitão dos Portos da Bahia, Wellington Lemos Gagno, que confirmou em entrevista coletiva que houve uma briga no barco. Contudo, a informação de que o desentendimento teria começado antes não foi reiterada pela polícia. Outras pessoas ligadas às famílias das vítimas e ouvidas pela reportagem, afirmaram que houve uma briga antes da saída do barco da Ilha Maria Guarda, mas entre passageiros de outra embarcação. Logo, o conflito causador do acidente, segundo eles, teria começado em alto mar.

Barco que afundou em Madre de Deus transportava mais do que o dobro da capacidade
Barco que afundou em Madre de Deus transportava mais do que o dobro da capacidade Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O teor da briga ainda é investigado pela polícia, mas, de acordo com o depoimento de uma das testemunhas, a desavença foi motivada por dinheiro. “Houve um combinado para dez pessoas embarcarem. A informação que a gente tem é que a embarcação é clandestina, porque não é de linha autorizada pela Capitania dos Portos para fazer transporte comercial de passageiros. Como é uma embarcação clandestina, o pagamento é feito quando chega no destino. Disseram que, quando chegassem em Madre, cada um ia disponibilizar R$10. Mas um cidadão falou que pagou, outro falou que não pagou. Estamos apurando ainda”, disse o delegado.

As duas testemunhas também confirmaram que o barco estava superlotado. “O barco, efetivamente, pelo que eles disseram, estava com a superlotação. A embarcação, que cabe dez ou onze tripulantes, no máximo, estava com o dobro. Eles não precisaram a quantidade exata”, acrescentou.

Ainda de acordo com o delegado, a polícia vai ouvir mais sobreviventes do ocorrido. Novos depoimentos não foram colhidos nesta segunda-feira, conforme alega, em respeito aos familiares enlutados.

O piloto do barco, que não tinha sido localizado pela polícia, avisou que se apresentará nesta terça-feira (23) acompanhado de um advogado. Ele justificou, por meio da esposa, que não compareceu à delegacia porque precisou viajar para Salvador para reconhecer o corpo da filha Flaviane Jesus dos Santos, que também estava na embarcação. Na ocasião, ele também perdeu o neto de 7 anos, Jonathan Miguel de Jesus Santos.

O CORREIO tentou falar com os sobreviventes do acidente, mas não obteve êxito em razão do estado emocional dos envolvidos.