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Larissa Almeida
Publicado em 10 de abril de 2025 às 05:30
A política tarifária de Trump, que impôs a taxação de 10% aos produtos exportados pelo Brasil, pode afetar diretamente o bolso dos baianos nos próximos meses. Isso ocorre porque a Bahia, que movimenta mais U$ 3,7 bilhões – aproximadamente R$ 22,5 bilhões – em negócios bilaterais com o país norte-americano, deverá exportar menos diante da barreira comercial, bem como deverá sentir os impactos que o ‘tarifaço’ causou ao redor do mundo. Ambos os cenários favorecem o aumento de preços. >
Segundo o economista Uitan Maciel, todos os brasileiros, inclusive os baianos, terão que lidar com a nova dinâmica da economia no mundo, que pode tornar mais cara uma série de produtos. Em destaque, estão os produtos industrializados cujo custo de insumos importados pode subir se houver retaliações ou realocação de cadeias produtivas. >
Para ele, no entanto, as chances de essa retaliação acontecer são mínimas, uma vez que, após o anúncio de Trump, o governo brasileiro não deu sinais de que iria enfrentar o protecionismo norte-americano. “O Brasil costuma adotar postura conciliadora, evitando medidas que possam prejudicar a balança comercial. Mas, se houver pressão interna, seja da política ou de setores econômicos, a retaliação pontual é possível”, afirma. >
Outra categoria que pode computar encarecimento são os alimentos exportáveis. No caso da Bahia, principalmente a manga e o cacau. “Se produtos como cacau e manga forem redirecionados ao mercado interno por falta de exportação, os preços podem até cair. Mas se houver valorização externa por escassez, o efeito pode ser inverso”, explica Uitan Maciel. >
Além desses produtos, os combustíveis e derivados também podem registrar aumento de preço. “Isso pode acontecer devido à volatilidade do comércio global, que impacta commodities como o petróleo. Isso acaba elevando custos logísticos, pressionando preços de alimentos, serviços, dentre outros produtos”, acrescenta o economista. >
Esses impactos podem ser considerados inevitáveis diante do alvoroço que o tarifaço causou no mundo. A decisão de Trump fez com que os mercados financeiros reagissem de imediato, derrubando bolsas de valores em diversos locais do globo. A movimentação traduziu o clima de incerteza em relação à economia mundial, que pode entrar em recessão diante dos desdobramentos do protecionismo americano e das respostas a ele. A China, por exemplo, que decidiu impor 50% de taxas aos EUA, agora pagará taxas de 104% ao país norte-americano. >
Apesar do impacto ter sido menor no Brasil – tendo em vista que alguns países tiveram taxação de 50%, Uitan Maciel enfatiza que há impactos negativos dos quais os brasileiros não conseguirão fugir para. “Haverá redução da competitividade, visto que os produtos brasileiros ficam mais caros nos EUA, perdendo espaço para concorrentes; queda nas exportações, que impacta diretamente o PIB, empregos e arrecadação de estados exportadores”, aponta. >
Para ele, os únicos pontos positivos desse momento atual são a oportunidade de diversificação do mercado e de fortalecimento da economia interna. “As empresas brasileiras podem buscar novos destinos para exportação e reduzir dependência dos EUA. Além disso, alguns setores podem redirecionar a produção para o consumo interno”, finaliza. >