Saiba como funciona a portabilidade da dívida do cartão de crédito

Nova funcionalidade é gratuita e visa redução de juros e inadimplência

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  • Larissa Almeida

Publicado em 8 de julho de 2024 às 05:00

Especialistas recomendam atenção na hora de passar o cartão
Especialistas recomendam atenção na hora de passar o cartão Crédito: Shutterstock

Uma nova resolução do Banco Central passou a permitir que qualquer pessoa com dívida no cartão de crédito possa transferir gratuitamente o saldo total do débito em aberto e/ou o parcelamento da fatura para outra instituição financeira que ofereça condições mais vantajosas de pagamento da despesa. A medida passou a valer no dia 1º de julho e tem como principal objetivo a redução dos altos níveis de endividamento dos brasileiros.

Na prática, quem tiver uma dívida com juros rotativos – que são cobrados quando um usuário de cartão de crédito não faz o pagamento total da fatura até a data de vencimento – no cartão de crédito vai poder pedir propostas de negociação com juros mais em conta a outras instituições financeiras.

O consultor financeiro Raphael Carneiro aponta que o grande mérito da portabilidade é a possibilidade de conseguir juros menores e descontos. O consumidor endividado deve, antes de tudo, ponderar as condições de negociação. “A primeira coisa que a pessoa que tem essa dívida deve fazer é pedir informação à instituição financeira sobre esse débito em aberto, que deve ter o saldo devedor, o número de parcelas e taxas de juros. A empresa vai ter um dia útil para dar essa resposta”, explica.

Depois que estiver com os dados em mãos, conhecido como o Documento Descritivo de Crédito (DDC), o portador do cartão de crédito pode buscar outros bancos para negociar. Uma vez que encontre uma proposta mais vantajosa, a instituição na qual a dívida existe originalmente tem o prazo de cinco dias para fazer uma contraproposta. “Essa contraproposta tem que ser feita utilizando o mesmo prazo de pagamento para que a pessoa possa comparar de forma tranquila as ofertas”, esclarece o especialista.

Edval Landulfo, economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), acredita que a negociação proporcionada pela portabilidade da dívida do cartão de crédito vai impactar positivamente na vida financeira do consumidor.

“A dívida do cartão de crédito, no mês gira em torno de 13% a 14%, mas ao ano fica mais do que 414%. A tendência é que essa negociação facilite a queda dos juros e permita que a pessoa (endividada) tome conhecimento do que está acontecendo com sua vida financeira e se organize. Isso é muito importante”, ressalta ele.

A autônoma Ana Paula Souza tem uma dívida em aberto há cinco meses com o cartão de crédito, que usou para compras e empréstimos. Sem condições de quitar, ela conta que vê a possibilidade de fazer a portabilidade da dívida como uma oportunidade.

“Já tentei fazer vários acordos, mas vejo que não vale a pena porque os juros são altíssimos, a ponto de a dívida sair até o dobro do valor original. Com essa portabilidade, acho que terei mais chances de tentar um acordo, parar de pagar juros altos e quitar a dívida”, diz.

Já a autônoma Juliana de Almeida, que viu sua dívida no cartão subir de R$ 1 mil para R$ 4 mil em pouco tempo, acredita que, com a nova resolução do BC, conseguirá ficar com o nome limpo.

“Já que a portabilidade vai me oferecer melhores condições de pagamento e parcelamento, tenho interesse em fazer, até porque perco inúmeras oportunidades por estar com o nome sujo, seja para fazer um novo cartão ou pedir empréstimos”, salienta.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro