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Restaurador estima que reparo em teto de igreja deve levar pelo menos 5 anos e custar mais de R$ 10 milhões

Forro do teto da Igreja de São Francisco de Assis, no Pelourinho, desabou na última quarta-feira (5) e deixou uma pessoa morta

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 05:00

Teto desabou por volta das 14h30 desta quarta-feira (5)
Teto desabou por volta das 14h30 desta quarta-feira (5) Crédito: Divulgação/Codesal

As obras de reparo do forro do teto central da Igreja de São Francisco de Assis não devem ficar pronta tão cedo. A estrutura, que era feita de madeira, entalhada e folheada a ouro, desabou na última quarta-feira (5), no Pelourinho, deixando uma vítima fatal e cinco pessoas feridas. Para José Dirson Argolo, que é artista plástico, professor e reparador com mais de 40 anos de experiência, o reparo do teto deve levar pelo menos cinco anos e custar mais de R$ 10 milhões.

“Provavelmente, não é só o que caiu que vai precisar ser reparado. O restante de toda estrutura deve estar também comprometido, assim como toda aquela talha dourada e os altares, que há anos estão precisando de uma restauração profunda. [...] Ali, precisa haver uma equipe interdisciplinar, com engenheiros, arquitetos e restauradores com muita experiência para tentar recompor com toda a originalidade”, afirma José Dirson.

A estimativa de tempo do reparo dada pelo especialista leva em conta a restauração que fez, por 11 anos, na Igreja do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, que fica localizada no bairro de Nazaré. A obra incluiu restauração de todo o telhado e a instalação de um sobreforro, porque o templo sagrado, à época, ameaçava desabar. “Tinha iminência de desabamento do forro, porque havia problema com cupim. A estrutura foi toda desmontada”, lembra o restaurador.

A restauração da Igreja de Sant’Ana custou aproximadamente R$ 10 milhões naquela época. José Dirson pondera que o templo era muito mais simples, logo, se fosse cogitada a restauração da Igreja de São Francisco de Assis hoje, o valor seria incalculável dada a maior riqueza, dimensão e complexidade do espaço. Apesar do provável alto custo, o restaurador defende que a restauração completa seria o correto a se fazer.

“Provavelmente, ali tem problema no forro porque, através do teto, deixou-se passar umidade e pingueira. Isso enfraquece a estrutura de madeira e daí vêm os cupins. Por isso, é preciso fazer uma vistoria. No momento que for remontar [o forro], não pode ser só aquele pedaço que caiu. Vai ter que, provavelmente, desmontar o restante e fazer uma nova montagem. Isso vai exigir muitos carpinteiros, entalhadores, restauradores de obras de arte, arquitetos, engenheiros e estruturalistas. Não vai ficar barato”, reitera José Dirson.

Há cerca de 15 anos, ele conta que fez um trabalho de reforma nas talhas dos altares laterais da Igreja de São Francisco de Assis. José conta que nunca notou nenhum tipo de irregularidade no forro. Ainda, apontou que o mais indicado é a ocorrência de uma vistoria de dois em dois anos nesses espaços, já que tendem a apresentar problemas com o tempo, como infiltração e falhas na fiação elétrica.

Para o especialista, se a obra de restauração completa se tornar uma realidade, a igreja levaria mais de 15 anos para ficar pronta. Nesse tempo, no entanto, seria possível abrir o espaço religioso para visitas em locais que não estivessem em obras. Ele também acredita ser possível a entrega de um novo forro com qualidade semelhante ao original.

“Há condições de entregar tudo com a mesma beleza e originalidade porque tem muita documentação sobre o forro. Agora, tem que recolher todos os fragmentos que estão lá no chão para ver tudo que é possível reaproveitar para poder recompor com o máximo de qualidade”, ressalta José Dirson.

De acordo com Leandro Grass, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), após visita à Igreja de São Francisco de Assis, disse que, partir da próxima semana, a autarquia dará início a uma contratação emergencial. “[Isso] inclui a estabilização do imóvel para que não haja mais desabamento e para que possamos fazer o escoramento e o recolhimento daquilo caiu”, disse.

“Há coisas ali que ainda podem ser tratadas e aproveitadas. Haverá esse esforço coletivo para, depois, avançar ainda mais na requalificação do espaço e no seu restauro para a gente poder abrir essa igreja de novo”, completou Leandro.