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Reservatório impediu que 315 milhões de litros de água aumentassem estragos das chuvas

Ainda assim, moradores reclamam que mecanismo não impediu persistência de alagamentos nas áreas de barragens

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 10 de abril de 2024 às 06:30

Campo de futebol inundado no bairro do Parque São Cristóvão Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O reservatório de amortecimento 01, no Parque Vila das Palmeiras, situado na localidade de Cassange, impediu que 315 mil m³ – ou seja, 315 milhões de litros de água, segundo cálculo do matemático Henrique Águas – potencializasse os estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), o reservatório integra obra de macrodrenagem do Ipitanga, nos municípios de Salvador e Lauro de Freitas, que tem investimento de R$211 milhões, e era considerada a esperança de moradores dos bairros próximos à Barragem de Ipitanga 1, que todos os anos, no mês de abril, sofrem com alagamentos ocasionados pela combinação entre as fortes chuvas e a vazão da barragem.

Apesar da obra executada pela Conder contar com conceitos de drenagem sustentável, na qual os alagamentos são evitados a partir da retenção da água da chuva instalação de seis reservatórios de amortecimento integrados à calha do Rio Ipitanga, com o escoamento da água ocorrendo de forma controlada, o mecanismo não foi suficiente para evitar a persistência do problema.

“Mesmo com esse reservatório, o rio Ipitanga está assoreado e não suporta mais a água da barragem com a chuva e acaba transbordando. E a Conder já respondeu que a obra de macrodrenagem de Joanes e Ipitanga está concluída”, se queixa Islan Brito, morador e liderança de Cassange e Parque São Cristóvão, locais afetados pela vazão da barragem.

"Quando acontece a vazão da água da barragem, os córregos de drenagem não suportam e acaba vazando para a rua, alagando as casas e deixando os moradores numa situação bem complicada. Todo ano perdemos móveis, eletrodomésticos, tudo”, conta Fernando da Silva, 43 anos, morador do Parque São Cristóvão.

Para o engenheiro civil Luis Edmundo Campos, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e ex-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), existem duas hipóteses para a vazão da Barragem de Ipitanga 1 continuar ocasionando alagamentos. Segundo ele explica, toda barragem tem um dispositivo, denominado extravasor, para liberar sua água excedente, e ele costuma seguir um caminho que pode conter dois tipos de interferência.

“A princípio a água que passa pelo extravasor de uma barragem segue o caminho natural do rio na parte a jusante (após barragem). Esta vazão tem que ser compatível com a calha do rio. A inundação pode ocorrer se a estiver sendo liberada a mais do que a capacidade do canal ou por obstrução do canal”, aponta.

O especialista analisa que, uma vez que foram instalados reservatórios de amortecimento, a permanência do problema – alagamentos decorrentes da vazão da barragem – se dá porque provavelmente o canal de vazão não comporta o volume de água escoado, problema este que pode ser resolvido com a adoção de alternativas. “Se está escoando menos do que estava antes e, mesmo assim está alagando, é sinal de que o canal está com a capacidade menor do que a quantidade escoada. E existe forma de ampliar o canal, seja limpando ou criando outros canais”, sugere.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro