Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Larissa Almeida
Publicado em 1 de agosto de 2024 às 06:00
De 1º de janeiro a 30 de junho de 2024, a Bahia contabilizou 2.087 mortes violentas – uma média de 11 crimes contra a vida por dia, segundo dados são da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Sinesp), sistema do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) que reúne indicadores estatísticos da Secretaria Pública de cada estado. Nesse período, a maior parte dos casos emblemáticos ocorreu em Salvador e Região Metropolitana. Só a capital baiana, conforme o órgão federal, liderou o ranking ao registrar 441 ocorrências.
“Os municípios da região metropolitana de Salvador e a capital integram fluxos de violência há bastante tempo. A violência que existe é compreensível dentro do mesmo contexto. Quem mata em Salvador pode morrer na região metropolitana e quem morre em Salvador pode ser desovado na RMS”, aponta Luiz Claudio Lourenço, sociólogo, pesquisador de organizações criminosas, professor da Universidade Federal da Bahia e um dos coordenadores do Laboratório dos Estudos sobre Crime e Sociedade (Lassos).
Uma parcela significativa das mortes decorre do confronto entre facções, que afeta não apenas pessoas envolvidas, mas também aquelas que estão alheias à disputa das organizações criminosas. Um exemplo disso foi o assassinato de Pedro Lacerda, jovem que foi executado com mais de 50 tiros na cabeça no dia 11 de março por estar na área dominada por uma facção rival àquela do bairro em que ele residia.
1) Pedro Lacerda
Uma fonte da polícia, que acompanhou o caso, explicou que Pedro Lacerda morava no Tororó, mas foi para uma festa de paredão na Ceasa, localidade da Santa Cruz. Enquanto o bairro onde Pedro vivia tem atuação da facção do Bonde do Maluco (BDM), o local onde foi alvejado é uma área onde o Comando Vermelho (CV) está estabelecido.
“Ele estava no paredão e perceberam que era alguém de fora, que não morava ali. Por isso, os traficantes tiraram a vítima da festa e notaram uma conexão com o BDM. Era morador do Tororó, mas não fazia parte de facção, não era traficante. Ele trabalhava com iluminação de led, mas, no celular, encontramos coisas que indicam que ele era ‘simpatizante do BDM’, apesar de não ser envolvido”, contou a fonte da polícia, que preferiu não revelar nome e cargo, à época.
2) Fal Silva, 32 anos
No dia 24 de maio de 2024, músico Flávio de Oliveira da Silva, 32 anos, conhecido artisticamente como Fal Silva, guitarrista da banda Afrocidade, foi espancado até a morte na Rua Bahia, no bairro de Novo Horizonte, em Camaçari. Ele estava em uma pizzaria, que pertence a um familiar, quando quatro homens o chamaram. Flávio, que conhecia esses homens, seguiu o grupo. Na rua, eles espancaram o músico até a morte.
3) Ana Rita Bispo dos Santos
No dia 7 de março, uma mulher de 60 anos foi morta após ser baleada enquanto esperava um ônibus na Rua Manuel Barros de Azevedo, no bairro do Caminho de Areia. A vítima foi identificada como Ana Rita Bispo dos Santos. De acordo com a Polícia Militar, ela chegou a dar entrada em um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
4) Nega Pataxó
Nega Pataxó, irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, do povo indígena Pataxó-hã-hã-hãe, foi assassinada no dia 21 de janeiro deste ano, após um conflito entre indígenas, policiais militares e fazendeiros no território Caramuru, município de Potiraguá, no extremo sul da Bahia.
5) Willys Santos da Conceição, 27 anos, homem morto no Corredor da Vitória
Willys Santos da Conceição, 27 anos, foi espancado até a morte na madrugada do dia 23 de março. Quatro homens, suspeitos da agressão, alegaram que reagiram a uma tentativa de assalto realizado por Willys. Eles foram presos, mas já tiveram liberdade provisória decretada. Entre os suspeitos, estavam dois músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba): o flautista Lincoln Sena Pinheiro e o violista Laércio Souza dos Santos; os outros dois eram o namorado de Lincoln, Marcelo da Cunha Rodrigues Machado, e Sérgio Ricardo Souza Menezes, que passava pelo local no momento do crime e teria ajudado no espancamento.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo