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Maysa Polcri
Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 15:00
A comunidade acadêmica da Universidade Federal da Bahia (Ufba) já sente os impactos da redução da oferta de alimentos no Restaurante Universitário (RU) Manoel José de Carvalho, no campus de Ondina, em Salvador. A medida foi anunciada em um comunicado na segunda-feira (10) e inclui redução de proteína, salada e suspensão de sobremesa. O número de fichas distribuídas não foi alterado.
A diminuição dos alimentos ofertados é resultado da falta de pagamentos à empresa Meio Dia Refeições, que administra o restaurante universitário desde maio de 2023. A Ufba disse, através da assessoria de imprensa, que as faturas foram pagas, mas não informou quando a situação será normalizada. A universidade também não divulgou o valor da dívida, que é relativa a, pelo menos, três meses de atrasos.
Lucas Valentim, 21, é aluno do curso de Geografia e soube da restrição nas refeições através de um grupo de mensagens de estudantes. Ele utiliza os serviços do RU e lamenta o ocorrido. "É um absurdo. Nós estamos passando por cortes de gastos sucessivos nas universidades federais desde o início do ano. Um governo que se diz pró-educação tem como medida cortar benefícios de assistência", denuncia.
O comunicado é assinado pela Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (Proae) e foi colado na entrada do restaurante universitário em Ondina. Todos os dias, centenas de alunos fazem fila para se alimentar no local. São servidas 1,5 mil refeições no almoço e 1,2 mil no jantar diariamente.
Nesta terça-feira (10), o almoço já estava restrito. Foram oferecidas duas opções de proteína (escondidinho de carne e inhame), ao invés de três, além de salada (cenoura e beterraba), arroz, feijão e abóbora. Outra medida para conter custos é a forma com que os alimentos são servidos. Antes, os alunos tinham liberdade para se servir de salada, o que, agora, é feito por funcionários.
"A Ufba teve um contingenciamento de verbas neste ano e a situação está precária. A questão orçamentária se reverbera na alimentação. Pelo fato de não ter verbas, houve atraso no pagamento para empresa que administra o restaurante. Para os estudantes não ficarem sem alimento, o acordo foi reduzir a oferta", diz Lucas Romeu, diretor de assistência estudantil do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ele afirma que uma reunião será marcada com a Proae para discutir as questões dos outros pontos de distribuição de alimentos da Ufba.
A Meio Dia Refeições, empresa do Rio Grande do Norte, começou a operar o restaurante depois que o espaço ficou fechado durante sete meses. A suspensão se deu após casos de infecção alimentar de estudantes que comeram no local. A reportagem entrou em contato com a empresa, que não se manifestou sobre o atraso nos repasses.
Além do RU em Ondina, os estudantes da Ufba contam com três pontos de distribuição de alimentos no Canela, São Lázaro e Corredor da Vitória. Este último está fechado. Na última sexta-feira (6), houve desabastecimento de água na unidade do Canela. Um caminhão pipa precisou ser acionado para que as refeições fossem oferecidas.
"O ponto do Canela teve problemas de distribuição de água. Não foi relacionado aos pagamentos, mas precisamos solicitar um caminhão pipa para garantir a alimentação dos alunos", explica Lucas Romeu. Em julho, o decreto nº 12.120, do Governo Federal, determinou a reprogramação da liberação de limites de empenhos de diversos órgãos, inclusive das universidades federais, medida que foi prorrogada até dezembro. Segundo a Ufba, 10% do orçamento para este ano, o equivalente a R$18,6 milhões, foram bloqueados.