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Larissa Almeida
Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 05:00
O verão de Salvador é um chamado à diversão. Na época do ano em que a cidade fica cheia de turistas que querem explorar os cartões-postais locais, os olhos dos soteropolitanos se voltam para as festas – tanto as populares quanto as privadas. Esse é o caso da estudante universitária Micaele Santos, 22 anos, que tem marcado presença em diversos eventos, ao mesmo tempo em que tenta equilibrar as contas. >
Só neste ano, Micaele já foi na Lavagem do Bonfim, na festa da Batekoo e em outros eventos gratuitos que ocorrem nos bairros de Salvador. “O que me motiva a ir às festas de verão é o calor. Simplesmente não dá para ficar em casa [...] e eu acho que Salvador é a cidade que respira verão, sempre tem muita coisa para fazer”, afirma. >
Ela conta que, para evitar dívidas, costuma economizar ao máximo no valor do ingresso e prioriza a ida a festas organizadas por estudantes, que geralmente não saem tão caras porque não têm valores elevados de bebidas. Outra estratégia que adota é pagar tudo no débito ou Pix. >
“Eu tenho pavor de parcelas. Mesmo não tendo muito dinheiro, essa é uma forma de ter controle, porque no cartão de crédito vou colocando coisas e, quando chega no final do mês, me pergunto onde gastei aquilo tudo. [...] Eu dou prioridade às minhas contas regulares de todo mês e, depois que pago todas elas, eu uso o dinheiro”, diz a estudante. >
O artista Henrique Nogueira, 20 anos, usa diversos artifícios para se tornar ‘arroz de festa’ e não ter um rombo nas contas mensais. “Costumo ir para todos os eventos, shows e festivais, exceto samba. Faço networking sempre e me divirto bastante. Normalmente, para economizar, tento pegar Moto Uber ou dividir [carro] com os amigos. Vou cedo para os eventos, sempre busco Open Bar ou uma pulseira vip para evitar gastar com bebidas”, conta. >
Quando não consegue um acesso privilegiado nos eventos, Henrique reduz o consumo. “Seguro na água ou no refri, até porque tudo é bem superfaturado. A gente dá o ‘close’ e pronto”, brinca. Cada festa dessa, quando não tem pulseira vip, faz com que ele gaste cerca de R$ 50 a R$ 60 em transporte e R$ 30 em alimentação. >
Apesar dos esforços, o artista admite que nem sempre a conta fecha. “Às vezes excede com imprevisto. A fatura do cartão está babado, viu? Cada dia que passa aumenta. Fico chateado que tem lugares que uma latinha custa quase o preço de uma caixa”, reclama, referindo-se ao preço das bebidas alcoólicas. >
O consultor e planejador financeiro Raphael Carneiro ressalta que é difícil aproveitar todos – ou a maioria – dos eventos da cidade sem adquirir alguma dívida, mas é possível se houver controle dos próprios limites. “Eu sei que a tentação é grande. Todo dia tem festa e tem alguém chamando a gente, que não quer perder nada, mas precisamos entender que dinheiro é finito e acaba. Então, é entender e priorizar as festas que gosta mais de ir”, pontua. >
Depois que as prioridades forem estabelecidas, Raphael orienta que o soteropolitano cheque se o dinheiro consegue dar conta dos desejos de verão. “É como montar um quebra-cabeça do verão. O dinheiro que eu tenho, será que encaixa onde quero ir? Se não encaixa, como é que eu vou completar o restante? Se encaixou só para um ensaio, completa com opções gratuitas, que existem no Parque da Cidade, praia, eventos ao ar livre”, orienta. >
Outras táticas possíveis indicadas pelo especialista é comer antes de sair de casa para os eventos e dividir o valor de transporte de aplicativo com os amigos. “Se for em praia ou em local público, pode levar bebida para gastar menos no local. Em alguns casos, pode beber antes da entrada do evento. Tem que ir fazendo esse equilíbrio porque, senão, o dinheiro não dá nem para um dia”, completa. >