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Maysa Polcri
Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 05:00
Não é exagero dizer que Liz Improta Santana já nasceu influenciadora. Desde a barriga da mãe, a menina, fruto da relação de Lore Improta e Léo Santana, já era acompanhada por milhares de pessoas. Com dois anos, Liz esbanja simpatia nas redes sociais e a afeição pela criança motiva pais e mães baianos a darem o nome da menina a suas filhas. Prova disso é que o nome, que antes do nascimento sequer aparecia entre os dez mais usados na Bahia, foi o quinto mais registrado neste ano no estado.
Nasceram neste ano na Bahia 1.042 meninas batizadas com o nome Liz, de acordo com a Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA), que divulgou os nomes mais escolhidos neste ano no estado. Em Salvador, onde Lore e Léo vivem, a incidência do nome é ainda maior, ocupando o terceiro lugar do ranking. Com 222 registros, Liz só fica atrás de Helena (253) e Laura (226) na capital baiana.
A mini influencer nasceu em setembro de 2021 e, naquele ano, o nome Liz não aparecia entre os mais registrados no estado. Os vídeos engraçados da pequena encantam e ela tem Instagram próprio, onde acumula mais de 830 mil seguidores. O movimento de dar nomes de famosos aos filhos não é novidade. A atriz Claudia Raia ficou famosa por influenciar pais de todo o país depois de batizar o primeiro filho de Enzo, em 1997. O nome era pouco utilizado até então. Entre 1930 e 1980, foram 1.135 registros, contra os 44.056 entre a década de 90 e os anos 2000.
O que muda com a nova tendência é que os artistas de televisão agora dão espaço para os influenciadores que compartilham detalhes das suas vidas em seus perfis nas redes sociais. Para isso, não basta colocar uma criança no mundo, é preciso criar identificação e afeição com o pequeno ou pequena e seus seguidores. A relação começa a ser criada desde antes do nascimento com o anúncio da gravidez e as grandes festas em que o sexo do bebê é revelado - tendência apelidada de “chá revelação”.
Quando Virginia Fonseca, uma das maiores influenciadoras do país, teve a primeira filha, Maria Alice, em maio de 2021, o nome composto já era comum na Bahia. Ele ocupava o sexto lugar no ranking, mas o ‘boom’ veio no ano seguinte, quando Maria Alice foi o nome mais registrado entre os baianos. Em 2023, ele aparece em segundo lugar, com 1.238 registros, atrás apenas de Helena (1.286).
“No contexto de novas mídias digitais e imersão nos conteúdos online, os influenciadores aparecem como novos líderes de opinião. Eles têm uma dimensão significativa na vida dos seguidores e é criada uma relação de proximidade”, afirma Allana Gama, formada em Relações Públicas e que fez sua tese de mestrado sobre comportamento de influenciadores no Instagram.
Pelo terceiro ano consecutivo, Gael foi o nome masculino mais registrado na Bahia. Só em 2023 foram 2.207 registros. O período coincide com o crescimento da exposição do filho do youtuber Christian Figueiredo e da cantora Zoo, que nasceu em 2019 e foi batizado com o mesmo nome. Hoje, o menino já acumula mais de 2 milhões de seguidores no Instagram.
“Os seguidores acompanham não só a rotina, mas o crescimento da criança através das redes sociais. Isso cria admiração e afeto, que podem justificar a escolha dos nomes”, completa Allana Gama.
A tendência que se repete em todo o Brasil, sejam os pais famosos ou não, é a de batizar os filhos com nomes curtos, originais e bíblicos. Nessa lista entram Theo, Miguel, Heitor e Arthur, além dos femininos Helena, Laura e Alice. Outro nome que ganhou fama entre os baianos em 2023 foi Ravi, que aparece em sétimo lugar no ranking com 1.399 registros. Em 2020, ano que o filho do DJ Alok e a médica Romana Novais, o nome aparecia na 21º posição.
“Vemos que a Bahia segue um padrão nacional, são nomes mais curtos e que tem influência de famosos. A sociedade reflete o que consumimos na mídia e as pessoas que se destacam influenciam as escolhas”, diz Andreza Guimarães, 1° vice-presidente da Arpen-BA.
Há dez anos, quando os influenciadores das redes sociais não tinham a dimensão de hoje, a fotógrafa Maína Diniz, 38, resolveu batizar o filho de Gael. Foi uma homenagem ao seu primeiro cachorro, que teve quando era criança. Com o passar dos anos, a mãe, que teve durante toda a vida um nome incomum, percebeu que a tentativa de ser “diferentona” não deu certo.
“Eu estou arrasada porque adoro nomes diferentes e, quando coloquei Gael, não tinha ninguém e agora tem muitos”, diz Maína com bom humor. “Meu nome veio do ‘Marina’ sem a letra ‘R’ e eu sempre gostei de nome curto e gostava da sonoridade de Gael”, conta. Somente na escola onde o menino estuda, a mãe conhece dois garotos com o mesmo nome.
Enquanto alguns se importam com a repetição exacerbada, outros pais não se arrependem da escolha dada. Apesar de ter um nome incomum, a técnica de segurança Kelyane Ramos, 29, decidiu batizar a filha de Helena - nome feminino mais registrado na Bahia em 2023. “Helena significa raio de sol e quando engravidei foi muito difícil porque o mundo passava pelo caos da pandemia. Tinha certeza que Helena seria a luz que estava chegando para iluminar os dias difíceis”, diz a mãe.
Os nomes curtos ainda podem ter relação com o minimalismo, tendência baseada na simplicidade, de acordo com Andreza Guimarães. “A vida já está muito complicada e muitas pessoas buscam a simplicidade em vários sentidos. Acredito que a escolha dos nomes pode estar relacionada a isso”, afirma. Agora, resta esperar para ver quais famosos vão influenciar os baianos no próximo ano.
1º GAEL - 2207 registros
2º THEO - 1683 registros
3º MIGUEL - 1652 registros
4º HEITOR - 1646 registros
5º ARTHUR - 1427 registros
6º ANTHONY - 1401 registros
7º RAVI - 1399 registros
8º SAMUEL - 1145 registros
9º BERNARDO - 1114 registros
10º DAVI - 1003 registros
1º HELENA - 1286 registros
2º MARIA ALICE - 1238 registros
3º LAURA - 1144 registros
4º MARIA CECILIA - 1065 registros
5º LIZ - 1042 registros
6º ALICE - 1033 registros
7º MAITE - 881 registros
8º CECILIA - 842 registros
9º VALENTINA - 771 registros
10º ELISA - 759 registros