Quem foi Carlo Acutis, o aspirante a padroeiro da internet?

Considerado um marco na juventude católica, o beato será canonizado após o reconhecimento de dois milagres

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  • Yasmin Oliveira

Publicado em 6 de junho de 2024 às 08:00

Conheça o futuro santo millenial que será canonizado pela Igreja Católica
Conheça o futuro santo millenial que será canonizado pela Igreja Católica Crédito: Marina Silva/CORREIO

Conhecido como ‘o influencer de Deus’ ou o ‘padroeiro da internet’, o beato Carlo Acutis será canonizado pela Igreja Católica após ter o reconhecimento de dois milagres. O nome do beato está sendo disseminado pela juventude católica por ser um marco de fé e inspiração.

“Carlo jogava futebol, videogame, gostava de tecnologia e não deixou de fazer nada que um jovem da idade dele faria, mas sempre priorizando Deus e limitando seu tempo para que nada ultrapassasse ou exagerasse, sempre em equilíbrio. Passar a palavra de Carlo é levar jovens a experimentarem da alegria e Graça que é a Eucaristia, a adoração, ser da Virgem Maria”, conta a assistente terapêutica Malu Cruz, 30.

Malu conheceu a história de Carlo enquanto buscava conhecer mais sobre os santos jovens. Sem saber quem era o beato, a assistente terapêutica o encontrou na internet e logo encomendou dois livros para conhecer sobre sua vida. Segundo ela, Carlo salvou sua fé e, ao conhecê-lo, houve o nascimento de uma forte ligação entre os dois.

Carlo Acutis se mostra diferente de outros santos que foram canonizados, principalmente por ter tido seu corpo preservado em Assis, na Itália, com calças jeans, tênis Nike e camisa esportiva. Um de seus feitos durante a vida foi criar um blog onde documentava milagres ao redor do mundo. A juventude católica relembra que sua história é contemporânea e próxima da realidade vivida por muitos jovens.

“Ele dizia que todos nascemos originais, mas muitos morrem como fotocópias. Então, ele não deixou de ser quem ele era. Ele não precisou anular o seu gosto pelo futebol, ele não precisou anular o seu gosto pelo videogame, ele não precisou anular o seu gosto e sua habilidade de informática, de filmagem, de comunicação, para parecer ou se igualar a outros jovens, a outras personalidades. Ele viveu com originalidade a sua vida, a sua personalidade, e com ela viveu uma vida doada e entregue a Deus”, conta a estudante de odontologia Mariana Mello, 21.

Para o Padre Josuel, assessor eclesiástico da Juventude no Nordeste, a canonização de Carlo Acutis é uma possibilidade de reconhecer o quanto um jovem pode dominar suas vontades, seus desejos e ter um coração voltado a Deus.

“Ele era alguém tão jovem que poderia estar buscando várias coisas que o mundo hoje defende e acredita que é o sentido da felicidade, então, o ter, o poder, o prazer, como se a felicidade de ter tivesse na conquista de bens materiais. Carlo era um jovem rico, podia estar apegado a isso, a tantas outras coisas e, no entanto, tinha esse amor profundo a Deus. Naquela época, ele conseguiu fazer um blog sobre informações religiosas e conseguiu evangelizar muitos colegas”, relata Victor Rodrigues, participante do grupo católico Lumen.

Na escola, Carlo fazia amizade com os excluídos ou estudantes que sofriam bullying para que ninguém ao seu redor se sentisse sozinho. O jovem visitava a Igreja diariamente, além de comungar sempre que tinha oportunidade. “Isso é uma marca do Carlo que também muito me alcançou e da qual busco sempre viver nessa proximidade, essa intimidade com a eucaristia, que sempre que me é oportuno estar com Jesus na eucaristia, seja na adoração, no Santíssimo Sacramento, seja na missa diária, na comunhão diária, em tudo”, relata Thalita Menezes, 24, que faz parte da Comunidade Católica Shalom.

O ‘padroeiro da internet’ nasceu no dia 3 de maio de 1991 em Londres, Inglarerra e faleceu em 12 de outubro de 2006 na cidade de Monza, na Itália, em decorrência de uma leucemia aos 15 anos. Durante o enterro de Carlo Acutis, diversas pessoas em vulnerabilidade social apareceram e surpreenderam a família do jovem. Carlo mantinha amizade com eles e os ajudava quando podia. “Já teve episódios na vida dele em que ele estava na rua e viu um mendigo na rua e que estava descalço. Ele tirou os sapatos e deu para aquele pobre e voltou para casa descalço. Então, ele vivia a vida amando a Deus”, explica Thalita.

Após a morte de Carlo Acutis, o padre Marcelo Tenório, da Paróquia São Sebastião, em Campo Grande, passou a realizar a missa anual de Nossa Senhora Aparecida sempre com a exposição de uma roupa que teria sangue do beato italiano. Em uma dessas missas, no ano de 2010, um avô desesperado com o diagnóstico do neto por estar raquítica e com problemas de pâncreas anular o levou até a paróquia. Segundo a família, o garoto foi curado após tocar a vestimenta.

Carlo teve este primeiro milagre reconhecido em 2019 pelo Vaticano, mas sua beatificação ocorreu apenas em 2020. Ele é considerado o primeiro beato e futuro santo “millenial”, por ter nascido entre o início da década de 1980 até, aproximadamente, a primeira metade da década de 90. Ambos os milagres de Carlo envolve a cura de problemas de saúde após pedidos ao jovem.

Na última quinta-feira (23), o beato Carlo Acutis teve seu segundo milagre reconhecido pelo Papa Francisco, a partir disto o jovem será santificado pela Igreja Católica. O segundo milagre foi a cura de uma jovem da Costa Rica após um acidente de bicicleta em 2022. Segundo o Vatican News, a costarriquenha Valeria estava internada com poucas chances de sobrevivência e foi curada dias após sua mãe rezar na tumba de Acutis, em Assis, na Itália.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

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