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Anna Luiza Santos
Publicado em 25 de janeiro de 2025 às 16:26
Para familiares e amigos, Jasiane Silva Teixeira é apenas uma mulher comum de 36 anos nascida em Vitória da Conquista. Com fama de caridosa, ela pagava a faculdade de medicina de uma prima no Rio de Janeiro e não deixava nada faltar às filhas. Contudo, no mundo do crime, ela é Dona Maria, uma das maiores traficantes do estado, foragida há 4 anos e carregando uma ficha criminal repleta de acusações de homicídios, roubos, corrupção de menores, falsidade ideológica e tráfico internacional de drogas com jatinho próprio. >
Presa nesta sexta-feira (24) em São Paulo, os seus passos têm um longo histórico. Jasiane iniciou sua trajetória na criminalidade em 2008, quando foi presa com o primeiro marido, Bruno de Jesus Camilo, o Pezão, sob suspeita de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Um ano depois, a Justiça concedeu liberdade provisória. Pouco tempo depois de sair da cadeia, ela foi acusada de participar da execução de um agente penitenciário em Jequié, no sudoeste da Bahia. De acordo com a polícia, Jasiane matou outro bandido na cadeia a mando de seu marido. >
Em liberdade, o casal se mudou e foi viver em Santa Cruz Cabrália, no sul do estado. Lá, eles continuaram a traficar drogas até 2014, quando Pezão foi morto pela polícia. Viúva, a Dona Maria assumiu a liderança da quadrilha do seu marido e batizou a facção de Bonde do Neguinho. >
Após a morte de Pezão, Jasiane aliou-se com integrantes de grupos criminosos do Rio de Janeiro e ao PCC, passando a comandar a distribuição de drogas no sudoeste baiano para estados do Sudeste. Em outubro do ano passado, a Polícia Civil de Vitória da Conquista interceptou um avião que transportava uma carga de cocaína pura operando sob o comando de Jasiane. A aeronave era usada para trazer drogas e armas da Bolívia, Venezuela, Colômbia e Peru. >
Ela voltou para a cadeia em setembro de 2019 e foi levada para o Conjunto Penal de Juazeiro. Contudo, o desembargador do caso concedeu habeas corpus, considerando ilegal a manutenção da prisão semiaberta de Jasiane por ela ser mãe de duas crianças menores, uma com 10 anos e outra com 5 anos, à época. >
Após ser apreendida em seu esconderijo na zona leste de SP nesta sexta com o namorado, Márcio Faria dos Santos, uma das lideranças do PCC, a traficante foi trazida à Bahia num traslado aéreo sob forte segurança empreendida por equipes do Grupamento Aéreo da PM (Graer) e dos departamentos de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) e de Polícia do Interior (Depin).>
Em coletiva de imprensa, Jasiane conversou com o CORREIO sobre sua situação e negou o vulgo a ela atribuído. “Meu nome é Jasiane Silva Teixeira. Desconheço esse vulgo Dona Maria. Se eu quisesse um vulgo, não seria esse. Isso foi através de uma escuta telefônica. Meu finado marido fazendo uma brincadeira, e já saiu uma reportagem assim que ele morreu [dizendo] 'viúva de fulano de tal, Dona Maria'... Desconheço esse vulgo. Foi através de uma escuta telefônica. E a partir daí colocaram uma fama em mim da qual eu desconheço”. >
Ela ainda negou o título de uma das principais traficantes do país. "Se eu fosse tudo isso que falam, não estaria aqui, algemada. Estaria falando aqui na presença de advogados. Vim aqui, botar a cara, para dizer que não sou tudo isso. (...) Eu não sou um monstro, eu não sou um bicho", disparou.>