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Millena Marques
Publicado em 17 de abril de 2025 às 05:15
Data litúrgica no calendário cristão católico, a Semana Santa marca os sete dias que antecedem o dia da Ressurreição de Jesus, o domingo de Páscoa. Ao longo dos anos, diversas tradições foram implementadas durante toda a semana, sejam elas recomendadas pela Igreja Católica ou não. >
Os costumes variam entre abstinência de carne vermelha e queima de Judas. As tradições são muitas, mas não são universais. >
A Igreja estabeleceu costumes oficiais que são vividos na maioria dos templos católicos, como o Domingo de Ramos, que dá início à Semana Santa e recorda a entrada de Jesus em Jerusalém para ser condenado e morto, e a Via Sacra, que recorda o trajeto feito por Jesus até a cruz. “Depois (do Domingo de Ramos), a segunda, a terça e a quarta-feira são dias que a Igreja recomenda as celebrações penitenciais, celebrações como procissão do encontro. Existe também a oração pelos idosos. Esses dias são utilizados dessa forma, então os padres atendem confusões, existem mutirões de confissões nesse período”, explica o frei Lorrane Clementino, frade franciscano da Ordem dos Frades Menores (OFM). >
Atos de serviço >
Na quinta-feira, a Igreja celebra o Lava-Pés que, como o próprio nome sugere, é um gesto profundamente simbólico, onde o ato de lavar os pés de fiéis remonta a ação do próprio Cristo que, com essa ação, demonstra humildade e afeto diante de seus discípulos. A prática tem raízes históricas e culturais que se conectam com a hospitalidade da época e com os valores de serviço. “É a lembrança, a recordação de quando Jesus dá um exemplo do Lava-Pés, que é justamente a celebração da Ceia do Senhor. Na Igreja, a quinta-feira é a celebração da ceia do Senhor, que é o momento em que Jesus instituiu a Eucaristia. Antes disso, ele faz esse gesto do Lava-Pés”, explica. O gesto do Lava-Pés é um momento de acolhimento, hospitalidade, aceitação dos outros, voluntariado e altruísmo para os católicos. A Sexta-Feira da Paixão, dia oficial do feriado na Semana Santa, é o dia em que os católicos revivem a Paixão do Senhor, ou seja, a crucificação. Vale lembrar que o termo “paixão” vem do latim passio, que significa “sofrimento”. >
Em todas as igrejas católicas, as celebrações são realizadas às 15h. No Sábado de Aleluia, uma vígilia, rito que dura toda a noite e madrugada, os fiéis dão início à preparação para o anúncio da Ressurreição de Jesus, que é celebrada no Domingo de Páscoa. “Para nós, cristãos católicos, sobretudo, é o ápice da nossa fé”, diz o frei Clementino. >
Penitências >
Na Semana Santa, muitas pessoas realizam sacrifícios por meio das abstinências, como é orientado pela Igreja. Na verdade, estas penitências começam, geralmente, na Quarta-Feira de Cinzas, primeiro dia da Quaresma. >
Este é um período experienciado por algumas igrejas cristãs, como a Católica e a Ortodoxa, que rememoram os quarenta dias que antecedem a Páscoa. “Na verdade, as penitências são recomendadas sempre. A igreja orienta uma penitência que é uma forma de se reconciliar com Deus”, explica Clementino.>
“Durante a Quaresma, a Igreja sempre recomenda fazer jejum, fazer penitências, a caridade, sobretudo. Então, é utilizar desse tempo para praticar a reconciliação com Deus”, continua. >
As penitências variam entre abstinência de carne vermelha, alimentos que são consumidos com certa frequência na rotina, como café e chocolate, e, até mesmo, a ausência de redes sociais. >
Há, dentro do calendário da Semana Santa, costumes populares que foram implementados ao longo dos anos em regiões específicas, que não foram recomendados pela Igreja, mas tampouco condenados. É o caso da Queima de Judas, que ocorre em muitas cidade do Nordeste e em Minas Gerais. >
“São coisas populares e que as pessoas entendem como uma tradição cultural daquela comunidade específica. A Igreja não vai condenar isso porque não é uma prática contrária exatamente à fé, mas é uma prática que remete à cultura de um determinado povo”, finaliza frei Clementino.>