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Vitor Rocha
Publicado em 4 de outubro de 2024 às 20:50
Os povos indígenas em territórios demarcados oficialmente na Bahia sofreram com a falta de abastecimento de água. Conforme o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 37,8% desta população tinha fornecimento através da rede de distribuição, o que representa menos da metade quando comparada a população geral do estado, em que 82,7% receberam a água tratada. No levantamento anterior, realizado em 2010, o estado tinha 52% no mesmo item, o que significa uma diminuição de 14,2%.
O risco de exposição à água contaminada pode provocar efeitos danosos à saúde das pessoas que a consomem, como apontou Mariana Viveiros. “O saneamento básico é fundamental para a saúde das pessoas. A mortalidade infantil diminui, a mortalidade de idosos diminui. Há diversas doenças que são evitadas por conta do acesso à água com qualidade”, afirmou.
Nos territórios indígenas analisados pelo IBGE, os poços artesianos eram a forma de abastecimento de água mais comum, e atendiam 41,2% dos povos originários destes locais, um total de 7.092 pessoas. Na Bahia como um todo, essa forma de abastecimento era a principal para apenas 11,4% do total de indígenas e 7% da população geral.
Cacique dos Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, Maria Valdelice expôs que, de 22 comunidades pertencentes ao seu povo, apenas três possuem água de poço e as outras 19 pegam água de rios. "São rios que passam por fazendas onde os agrotóxicos utilizados nas plantações acabam sendo despejados, contaminando a água e causando verminoses e, muitas vezes, diarreia. Já enfrentamos epidemias de diarreia aqui nas comunidades. Bebemos água contaminada", denunciou.