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Gilberto Barbosa
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 21:48
Quatro dos oito assassinatos registrados no último fim de semana em Jequié, no sudoeste baiano, tiveram seus autores identificados pela Polícia Civil (PC). A identificação acontece após o reforço do policiamento na região, onde oito pessoas foram mortas em um período de 32 horas, entre a última sexta (3) e o domingo (5). As informações são da TV Bahia.
Um dos suspeitos foi localizado em Maracás, no Centro-Sul do estado, e morreu após confronto com policiais. A ação resultou na apreensão de um revólver. Ele é apontado como um dos integrantes do grupo responsável pelas mortes de Maria Clara Silva Lago, 16 anos, e Abraão Almeida da Conceição, 19 anos.
Os jovens foram mortos com golpes de arma branca na madrugada de domingo em um condomínio residencial do bairro Mandacaru. Os corpos foram encontrados despidos e carbonizados dentro de uma residência aparentemente abandonada. Informações preliminares indicam que um grupo de pelo menos 20 homens é responsável pelo duplo homicídio.
“Assim que tomamos conhecimento da disputa entre facções, que culminou em mortes, fortalecemos o policiamento através do encaminhamento de policiais especializados para fortalecer as investigações em andamento e apurar o mais rápido possível os responsável pelos delitos”, disse o secretário de segurança Marcelo Werner.
Diretor do presídio é exonerado
Além da identificação dos autores, seis detentos do Conjunto Penal de Jequié, que teriam ligação com os casos, foram transferidos para outras unidades prisionais do estado. O diretor da unidade, Elmar Lopes Silva, teve a sua exoneração publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta terça (7). Para o cargo, foi nomeado o novo gestor Abraão Souza Santos. O coordenador e diretor adjunto da unidade foram exonerados.
As transferências ocorreram durante a operação Força Máxima Verão, deflagrada pela Secretaria de Administração Prisional (Seap), por meio da Polícia Penal da Bahia. Durante a ação, foram apreendidos cadernos com anotações suspeitas, três armas brancas e duas soqueiras artesanais, cordas tipo “tereza” e cabo USB.
"Houve a substituição do diretor da unidade prisional, fortalecendo as ações realizadas pela Seap. Estamos trabalhando para fortalecer as comunicações das ações de inteligência e para evitar a comunicação das lideranças com as ruas, evitando delitos de qualquer natureza", falou Marcelo Werner.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), não houve intercorrência durante a operação, e as ações transcorreram sem gerar interrupção à assistência básica dos custodiados. As buscas foram realizadas em três pavilhões, resultando em 42 celas revistadas, com mais de 210 internos verificados. A unidade prisional de Jequié abriga aproximadamente 530 custodiados. A capacidade da unidade não foi informada.
Casos de violência
Além das mortes da madrugada de domingo, há registros dos óbitos de Gabriel dos Santos Bastos, de 21 anos, e Adilton Silva Barros, de 31, no sábado (4). Segundo a investigação, Gabriel foi vítima de disparos de arma de fogo na Avenida João Rosa, bairro Pau Ferro. Já Adilton, que também foi atingido com tiros, foi encontrado morto na Avenida Senhor do Bonfim.
Na sexta-feira (3), Isadora Santos Andrade, 32 anos, foi morta a tiros na rua Taurino Bispo. Foram expedidas as guias para perícia e remoção do corpo para todos os casos citados. A 1ª Delegacia Territorial (DT - Jequié) investiga as ocorrências.
Na última segunda (6), as Polícias Militar e Civil intensificaram as operações em Jequié. As ações visam combater a atuação de facções criminosas na região. Segundo o governador Jerônimo Rodrigues (PT), as mortes são resultado de disputas entre organizações criminosas.
Ainda segundo Jerônimo, há sinais de que presos de Jequié têm influenciado crimes do lado de fora da cadeia. "Não vamos dar trégua assim como dentro dos presídios também há um serviço de inteligência para transferir aqueles presos que emitem mais riscos a uma comunidade prisional ou até mesmo à comunidade externa, como é o caso Jequié, que volta e meia a gente vê ou sabe que há uma intervenção de dentro dos presídios para fora. Estamos no aguardo de equipamentos para garantir que dentro dos presídios haja tecnologia para frear o uso de equipamentos, a exemplo de celulares", acrescentou.