Qual o segredo de longevidade dos centenários da Bahia?

Estado possui maior população de centenários do país, aponta IBGE

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  • Millena Marques

Publicado em 1 de novembro de 2023 às 05:30

Diversos fatores contribuem com a longecidade feminina
Diversos fatores contribuem com a longecidade feminina Crédito: Shutterstock

Existe um segredo para alcançar os 100 anos de idade? Bom, não há uma lista de fórmulas mágicas que propiciam uma longevidade centenária, no entanto, algumas orientações são repassadas pela comunidade médica para a tentativa de tal feito.

Os cuidados para alcançar uma idade centenária não são novidade para ninguém. Para ao menos tentar chegar à casa dos 100 anos, as pessoas devem estabelecer uma cadeia de fatores que são responsáveis pela autonomia no envelhecimento e pelo bem-estar durante o ciclo da vida. Rotina de exercícios físicos, cuidado mental e espiritual, alimentação saudável e uma rede de apoio para adversidades são os pontos levantados pelo médico geriatra Adriano Gordillo.

"O segredo para chegar ou ultrapassar os 100 anos é bem conhecido hoje em dia: atividades físicas regulares (aeróbico e musculação), alimentação mais saudável possível, com mais verdura do que gordura, idas frequentes ao médico e ter uma rede social boa, além da espiritualidade", pontua o especialista.

O cardápio de quem planeja viver muitos anos precisa ser recheado de frutas e verduras, como orienta Gordillo. Também há uma necessidade de consumo de proteínas durante as três principais refeições do dia: café da manhã, almoço e jantar. Isso porque as proteínas evitam a perda de massa muscular, muito utilizada por células do sistema imunológico.

Segundo o geriatra, a espiritualidade baiana é um aspecto apontado como um dos fatores que podem ter colocado a Bahia neste patamar. "Talvez, por isso, a população baiana tenha maiores números de pessoas centenárias do que outros estados, porque o baiano é espirituoso", afirma.

Confira dicas

  • Priorizar frutas e verduras na alimentação;
  • Evitar o consumo de gordura e fritura;
  • Consumir proteínas nas três principais refeições do dia;
  • Estabelecer uma rotina de exercícios físicos (aeróbico e musculação);
  • Cuidar da saúde mental;
  • Ter uma rede social de apoio.

Na Bahia, as dicas dos especialistas da saúde parecem que foram levadas a sério, conforme indicam os dados do último Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento aponta o estado com a maior população centenária do país: no total, são 5.336 centenários.

Salvador, Feira de Santana e Alagoinhas são as cidades com maiores populações centenárias do estado. Elas têm, respectivamente, 516, 157 e 113 pessoas com cem anos ou mais. A capital baiana ocupa a 4ª posição no ranking de municípios brasileiros com mais habitantes centenários.

A reportagem solicitou a idade da pessoas mais velha do estado ao IBGE e onde ela mora, no entanto, a entidade informou que esse tipo informação não pode ser repassada devido a lei do sigilo estatístico. "Nunca podemos divulgar uma informação que possa de alguma forma (ainda que remota) identificar seu/sua informante", explica a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.

Índice de envelhecimento da Bahia é o 10º mais alto do Brasil

Nos últimos 12 anos, o total de pessoas na casa dos 60 ou mais de idade cresceu 48,9% na Bahia, de acordo com dados do último Censo. Entre 2010 e 2022, foi registrado um aumento de 709.272 idosos nos estados, o que configura um total de 2.159.279 - cerca de 15,3% da população.

Essa nova configuração demográfica faz a Bahia sair da 12ª posição do ranking de estados com maiores índices de envelhecimento do país, ultrapassando Pernambuco e Ceará. Com um indicador de 52,6 idosos para 100 crianças de até 14 anos, o estado baiano figura na 10ª colocação. Os estados com maiores índices são Rio Grande do Sul (80,4/100), Rio de Janeiro (73,6/100) e Minas Gerais (68,6/100).

O envelhecimento mais acelerado da população baiana possui relação direta com a diminuição do número de nascimentos no estado, é o que pontua Mariana Viveiros. "Em uma população que nascem menos crianças, o movimento de redução nas faixas etárias mais jovens é percebido", explica, pontuando que também há influência da longevidade maior.