Projeto Moradia Assistida tira 65 pessoas de situação de rua em Salvador

A iniciativa pretende se tornar uma política pública nacional

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Publicado em 17 de setembro de 2024 às 13:06

Ana Cristina Santos Silva em sua casa
Ana Cristina Santos Silva em sua casa Crédito: Jefferson Peixoto I Secom PMS

O projeto Moradia Assistida, realizado pela Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), já tirou 65 pessoas da situação de morador de rua. A iniciativa busca oferecer moradia a cidadãos que vivem em situação de rua há mais de cinco anos, fazem uso abusivo de drogas e não se adaptam aos modelos tradicionais de acolhimento provisório.

Ainda considerado um projeto-piloto de intervenção social, o Moradia Assistida vem crescendo, e planeja entregar 80 novas casas em breve, acolhendo em torno de 400 pessoas.

Uma das famílias beneficiadas foi a de Ana Cristina Santos Silva, de 52 anos. Há três meses, ela e os dois filhos saíram das ruas e passaram a morar em uma casa oferecida pelo projeto, após anos morando no centro de Salvador. Com a mudança de vida, Ana Cristina também se afastou do consumo de drogas.

Ana Cristina Santos Silva
Ana Cristina Santos Silva Crédito: Jefferson Peixoto I Secom PMS

“Naquela época, eu não sabia o que eu era. Eu me sentia uma pessoa suja na minha vida, entende? Depois que entrei nessa casa, me sinto uma pessoa maravilhosa. Hoje, eu tenho um lugar para botar a cabeça dos meus filhos, botar minha cabeça, sair despreocupada. Eu posso dizer a você, posso me chamar de mulher, eu sou uma mulher”, afirmou.

A filha de Ana Cristina, Emily Silva, de 21 anos, viveu muito tempo nas ruas, cercada de violência e drogas. “Nossa vida melhorou bastante. Muitos anos atrás, não tivemos a oportunidade atual de ter um lar, de ter um lugar onde minha mãe pudesse criar os filhos dela. Era constrangedor viver na rua, em um lugar aberto, cercadas por pessoas com as quais a gente não sabia lidar. Eram pessoas envolvidas com drogas e violentas. Como menina, eu me sentia muito insegura, com medo de ser abusada. E hoje, graças a Deus e ao projeto, temos a nossa casa. Estou feliz”, contou.

Ana Cristina Santos Silva com seus filhos
Ana Cristina Santos Silva com seus filhos Crédito: Jefferson Peixoto I Secom PMS

Para quem realiza o projeto, o objetivo principal é dar dignidade e pertencimento às pessoas que vivem em situação de rua. “O projeto trabalha na perspectiva de garantir direitos, sendo a moradia um princípio básico. Para nós, que somos agentes dessa política pública, nosso foco é assegurar esse direito. Oferecer a qualquer cidadão a oportunidade de se sentir pertencente à sociedade é algo muito gratificante”, comenta Luciene Santana, coordenadora do Moradia Assistida.

Em breve, o projeto deve se tornar uma política pública nacional, como conta Ravena de Melo, coordenadora de Ação e Prevenção de Políticas sobre Drogas: “Recebemos a visita de quatro ministérios que vieram conhecer o projeto-piloto de Salvador, que tem inspirado a criação de uma política nacional. O Ministério da Cidadania, que está à frente do Moradia Cidadã, veio se inspirar no Moradia Assistida. Acho importante destacar que estamos sendo pioneiros no lançamento dessa ação no Brasil”.