Projeto de sabão ecológico vence premiação do curso  Empreendedoras Braskem

Ionildes Barreto, 55 anos, que desenvolveu o produto, ganhou R$ 3 mil

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  • Larissa Almeida

Publicado em 1 de outubro de 2024 às 05:10

Premiação do curso  Empreendedoras Braskem
Premiação do curso Empreendedoras Braskem Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Mais de 40 mulheres do município de Simões Filho, entre mães, avós e chefes de família, alcançaram, na tarde desta segunda-feira (30), o título de empreendedoras durante o evento de formatura no curso Empreendedoras Braskem – iniciativa que teve a primeira edição na Bahia em 2024 e promoveu a qualificação de mulheres para empreender e gerar renda. Três delas foram premiadas com valores em dinheiro pelos melhores projetos de negócio desenvolvidos antes e ao longo da formação, que foram escolhidos com base nos critérios de inovação, criatividade, sustentabilidade, apresentação, escalabilidade, viabilidade e potencial de mercado dos produtos ou serviços.

O projeto que ficou em primeiro lugar foi o de Ionildes Barreto, 55 anos, que desenvolveu um sabão ecológico a partir do reaproveitamento do óleo de frituras. Ela foi premiada com R$ 3 mil e exaltou a oportunidade que teve através do curso. “Foi uma oportunidade ímpar. Eu aprendi a precificar, a fazer banner, logo e redes sociais para o negócio. Antes, eu trabalhava muito de maneira informal. Agora, não. Agora eu aprendi a empreender”, comemorou.

A ideia do sabão ecológico para uso doméstico surgiu em 2021, durante a pandemia do coronavírus. À época, Ionildes trabalhava vendendo produtos de limpeza na garagem de casa e tinha uma amiga que trabalhava com a venda de salgados de festa. Elas já conversavam sobre a quantidade de óleo que era desperdiçado após as frituras e resolveram reaproveitar o líquido para fazer sabão, já que havia bastante demanda por itens de limpeza.

“Nós pegamos a fritura suja, peneiramos no pano de prato e fazemos a limpeza. Depois, deixamos o óleo descansar e só então colocamos óleo e soda líquida. Se quiser, pode colocar essência, mas eu particularmente não coloco aditivos. Depois, é só adicionar água sanitária e deixar ele endurecer na forma para descansar por quatro horas. Esse é todo o processo até ele ficar pronto”, detalha.

Ionildes conta que até então ela e a amiga Júlia produziam o sabão somente em uma bandeja por conta da escassez de recursos, mas agora vai usar o dinheiro da premiação para investir no negócio e ajudar outras mulheres. “Eu penso em fazer oficinas para ensinar mulheres em situação de vulnerabilidade a aprender a fazer o sabão para que elas possam ajudar o meio ambiente e ganhar seu próprio trocado”, diz.

O projeto que ficou em segundo lugar e foi premiado com R$ 2 mil foi de autoria de da professora Edna Sá dos Santos, 46 anos, que levou como proposta de negócio a venda de pratos a base de aipim, que vão desde bolo até escondidinho de carne. A ideia foi fruto da junção da ampla oferta de matéria-prima com a oportunidade de empreender.

“Eu já tenho uma roça de aipim e já planto com meu marido e meu filho. Sei fazer caldo, mingau, bolo e escondidinho de aipim, e agora quero me aperfeiçoar ainda mais na arte da culinária, porque quero oferecer tudo com base no aipim para os meus clientes em um espaço rústico, que remeta ao interior e ao campo. Eu sempre quis ter o meu negócio e vou ter, porque quero ser chefe e não ser mandada por ninguém”, afirma aos risos.

Neilde da Conceição dos Santos, de 36 anos, ficou em terceiro lugar e levou R$ 1 mil para casa por meio do projeto de negócio Bento Cake, que consiste na criação de bolos decorados em tamanho mini, com o intuito de ser mais acessível para quem quer degustar da iguaria sozinho ou a dois.

“A ideia surgiu quando fui à confeitaria pedir um bolo para o meu filho e queria um que fosse acessível, mas não encontrei ninguém que fizesse por até R$ 100. Na ocasião, fiquei sem o bolo, mas como foi na época da pandemia, minha prima começou a me ensinar a fazer online um bolo menor no mesmo formato dos maiores e com os mesmos ingredientes e decorações. Eu comecei a vender e até hoje tenho boas vendas, ganhando aproximadamente R$ 350 por final de semana”, relata.

Para Neilde, que já tinha o negócio antes mesmo do curso, o aprendizado obtido durante a formação serviu para saber precificar o produto. “Com a Braskem eu aprendi a não só a vender o bolo, mas a ter o lucro real. Quando eu estava lá, eu vi que tinham que ser feitas as contas do quanto gastou, do que entrou e do que saiu. O principal foi a mão de obra, que eu antes não inseria na conta e desvalorizava meu próprio serviço. Hoje, eu sei que a mão de obra nunca volta atrás”, pontua.

Premiação do curso  Empreendedoras Braskem
As vencedoras levaram as quantias de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1 mil com suas iniciativas Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Magnólia Borges, gerente de Relações Institucionais da Braskem, destacou a importância da iniciativa e exaltou o impacto da formação na vida das mulheres baianas. “Foi emocionante ver a história de transformação dessas mulheres, de valorização e de resgate da autoestima. Tem mulheres que saíram daqui fortalecidas, empoderadas e acreditando no seu negócio. Estamos com a sensação de missão cumprida, porque o objetivo do curso era justamente capacitar essas mulheres e incentivá-la”, frisa.

“Por meio do curso, elas tiveram acesso a vários conceitos de toda a cadeia produtiva e puderam ter noção sobre Recursos Humanos, produção, marketing e vendas. Então, por meio desses conceitos e das aulas, hoje elas estão mais preparadas e se sentem mais valorizadas e com novas ideias para progredir nos seus negócios”, completa Magnólia.

Além dos três projetos premiados, outros 39 foram desenvolvidos através do curso. Dez deles foram selecionados para concorrer à premiação. Entre esses, também foram destaque a ideia de um brigadeiro com forminha comestível e um kit de decoração de festas com parcela dos materiais feitos a partir da reciclagem.

Confira o resumo dos dez projetos:

1) Sabão ecológico – Ionildes Barreto, 55 anos

O projeto consiste na venda de sabão para uso doméstico, que é produzido a partir do reaproveitamento do óleo de frituras.

2) Cia do Aipim – Edna Sá dos Santos, 46 anos

Pratos feito a base de aipim é a ideia de negócio desenvolvida por Edna Sá, que tem uma roça de aipim e pretende comandar um espaço rústico para a venda de bolos, caldos, mingaus e pratos feitos a partir da iguaria.

3) Bento Cake – Neilde da Conceição dos Santos, 36 anos

O Bento Cake é um mini bolo com o mesmo formato de um bolo grande e com os mesmos ingredientes e decorações. A ideia do produto surgiu com o intuito de fornecer um bolo para atender até duas pessoas com valor acessível.

4) Mini kit de festa – Gersonita Jesus da Conceição, 38 anos

Com materiais reciclados, como caixa de leite e papelão, o Kit Pegue e Monte conta com peças de decoração de festa que são vendidos online por valores acessíveis, que variam de R$ 70 a R$ 350.

5) Doçuras e Travessuras – Jane Sá de Oliveira, 52 anos

O carro-chefe da Doçuras e Travessuras é um brigadeiro feito com forminha comestível, produzido através da modelagem de uma barra de chocolate, que evita o desperdício das forminhas de papel. Outra aposta do negócio é a adição do sorvete na forminha.

6) Molho de tomate caseiro – Taize de Oliveira Barbosa, 38 anos

O molho de tomate caseiro é vendido com o intuito de ser uma alternativa ao molho de tomate industrial, que leva adição de produtos não orgânicos.

7) Polpa 100% natural da fruta – Mikaely Peixe da Silva, 30 anos

Polpa 100% natural da fruta orgânica é uma alternativa às polpas de frutas não orgânicas, que aposta na sustentabilidade e na alimentação saudável como diferenciais do negócio.

8) Brinca e Aprende Reforço Escolar – Ednalva Santos de Oliveira, 46 anos

O negócio consiste na comercialização de recursos didáticos pedagógicos feito com material reciclável, pensado para o reforço escolar de crianças..

9) Vânia Artes em Crochê – Josevânia Oliveira Silva, 56 anos

O projeto consiste na venda de peças personalizadas em crochê que são produzidas com consciência ambiental através do uso de materiais recicláveis.

10) Cerâmica feita com argila – Maria da Conceição Rodrigues da Silva, 64 anos

O negócio é baseado na venda de vasilhas feitas de cerâmica com argila, pratos e tigelas que servem para apresentação numa mesa de almoço, de jantar e para o chá da tarde. São produtos variados, ao gosto do cliente.